Edição nº 1664 - 11 de novembro de 2020

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

EM 3 DE NOVEMBRO OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA viveram um dia histórico. Com a maior mobilização de sempre na sua história eleitoral, mais de setenta e cinco milhões de cidadãos mobilizaram-se para defender a democracia e quiserem dizer go home ao bizarro homem que durante quatro anos ocupou a Casa Branca. A defesa da democracia aqui não é um chavão, porque ela estava mesmo em perigo, com um regime com todas as caraterísticas autocráticas como as que conhecemos de outros países e continentes. O ataque à democracia está bem visível, como já se adivinhava, no atual comportamento de Trump que não aceita a derrota e constrói uma realidade paralela plena de conspirações, inventa fraudes eleitorais e incendeia os ânimos. Puerilmente ameaça com recursos a tribunais e ao Supremo com uma algaraviada de denúncias e nenhuma prova. Felizmente que ele vai passar em breve para o lixo da história e vamos voltar a ver na Casa Branca um homem decente e fiável, capaz de unir os americanos, que que defende convictamente o multilateralismo e que quer voltar o colocar os EUA na frente de batalha pelo clima e pela saúde no mundo.
A forma como três canais de televisão americana, entre os mais importantes, reagiram perante uma conferência de imprensa do presidente ainda em funções foi tema de discussão por estes dias. Como lhe é habitual debitou uma coleção de mentiras e frases de ódio e este tipo de discurso levou as estações de televisão a suspender a transmissão do evento. Alguns consideraram esta ação como censura, contra o direito de livre expressão de ideias. Outros, nos quais nos incluímos, consideram-na correta e necessária porque a liberdade de expressão não se pode confundir com a difusão da mentira e de noticias falsas, da criação de fatos alternativos, de discursos de ódio ainda para mais vindo de personalidades que deveriam exercer o seu cargo com decência. A liberdade de expressão e de crítica manifesta-se exuberantemente nos cartoons que, esses sim, têm sido vítimas de censura em várias parte do mundo. Que o diga António, o nosso mais famoso cartoonista que se viu proscrito na América por um cartoon que pôs a Casa Branca em polvorosa e levou o prestigiado New York Times a suspender a publicação desta forma de arte gráfica ou o não menos talentoso Vasco Gargalo que depois de ter visto o seu trabalho acusado de antissemitismo e com ameaças de morte, tem agora um momento de glória com o seu mais recente cartoon, a estátua da Liberdade a enviar Trump com uma fisga para longe, a percorrer o mundo, com a ajuda de Michael Moore e a ser mesmo primeira página de algumas publicações. Pela liberdade da crítica e de expressão.

11/11/2020
 

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