João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
ESTÁ A DECORRER POR ESTES DIAS EM GLASGOW, na Escócia, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP 26). Infelizmente, e apesar dos apelos do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, as expetativas à volta dos resultados da Conferência não são muito otimistas. Por variadas razões. Uma delas, porque dois dos principais lideres mundiais não vão estar presentes. Os presidentes russo e chinês, apenas participam em videoconferência, alegando problemas relacionados com a pandemia. De notar que a China, com mais de 1,4 mil milhões de habitantes, liberta mais gases nocivos ao ambiente do que qualquer outro país. E garantidamente que Xi Jinping não vai cumprir com o Acordo de Paris que ele como outros assinaram em 2015, de fazer mudanças que permitam não fazer subir o aquecimento global acima dos 1,5º. Por outro lado, foi significativo que, em Roma, os líderes do G20 que reúne os vinte países mais ricos (e poluentes) do mundo, não tenham querido assumir a meta de atingir a emissão zero de carbono até 2050. Este será o ano em que segundo os especialistas, se não houver até lá tomadas de decisões que poderão ser difíceis e talvez impopulares, mas indispensáveis, as mudanças climáticas poderão ser irreversíveis e de consequências que agora muitos não conseguem ou querem imaginar. Por exemplo, no continente africano, teremos menos 80 por cento de produção agrícola e com o nível das águas do mar a subir todos os anos, teremos povoações e paisagens costeiras a desaparecerem. Devemos ouvir os apelos do Papa Francisco e dos jovens que se manifestam por todo o Mundo. A pensar nas crianças de hoje, nos nossos filhos e netos, era bom que os lideres mundiais assumissem de uma vez, convictamente, a luta pela defesa da Terra.
MORREU HÁ POUCOS DIAS o jornalista britânico Max Stahl, que teve a sua vida de tal forma ligada aos destinos de Timor que acabou por adquirir também essa nacionalidade e onde viveu nos últimos anos da sua vida. Para muita gente o nome dir-lhe-á pouco, mas Max Stahl foi o jornalista que filmou o massacre do cemitério de Santa Cruz, em Dili. Algumas, poucas, centenas de timorenses estavam reunidos no cemitério para homenagear e protestar contra a morte de um jovem pelas tropas indonésias. Essas tropas ocupantes que enfrentaram a manifestação pacífica com tiros e provocando a morte de algumas dezenas de civis. E o jornalista estava lá, filmou e conseguiu levar a fita para Inglaterra. As imagens passaram nas televisões de todo o mundo e foi o passo decisivo para o acordar de consciências, foi o passo decisivo para que as pressões mundiais conduzissem ao referendo que haveria de dar a independência a Timor. Desta forma se provou mais uma vez, se tal fosse necessário, o poder mobilizador da imagem e que a imprensa, nomeadamente o fotojornalismo, tem um poder enorme, tão grande que até o denominam de quarto poder.