Edição nº 1741 - 11 de maio de 2022

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

POR CURIOSA COINCIDÊNCIA, no dia nove de maio há dois momentos históricos que se comemoram. Num ambiente mundial normal essa coincidência dos dois momentos históricos não mereceria qualquer referência. Mas vive-se em clima de guerra, em particular na Europa. E é da Europa uma das comemorações, o Dia da Europa que não é feriado mas que lembra o momento fundador de uma Europa unida, a Europa da Paz Perpétua enunciada por aquele que é considerado o maior filósofo da era moderna, Immanuel Kant. E foi este o dia do ano de 1950, em que o ministro francês Robert Schuman propõe a criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, antepassada da atual Comissão Europeia. Era a visão de uma Europa em paz e em união, quando se vivia o período pós-guerra, seria o primeiro passo para a criação de uma “federação europeia indispensável à preservação da paz” que tornasse o conflito entre França e Alemanha “não apenas impensável como também materialmente impossível”. Ursula von der Leyen lembrou que este dia é também o momento para uma reflexão sobre como tornar a Europa mais forte, mais resistente e mais próxima da população. Naturalmente, sem esquecer que o futuro da Europa também se escreve na Ucrânia. Neste mesmo dia, o agressor da soberania ucraniana, o fomentador de muitas centenas de crimes de guerra, o primeiro responsável pela devastação de tantas cidades e a morte de tantos civis, neste mesmo dia 9 de maio, o Dia da Vitória, comemorado de forma especial desde que Putin assumiu o poder e que celebra a vitória da União Soviética sobre o nazismo, uma luta que significou a morte de milhões de russos que neste dia são lembrados como heróis. É o pretexto para Putin fazer desfilar na Praça Vermelha os símbolos do poderio militar russo. Que os especialistas, atentos a todos os pormenores, apontam como bem menos exuberante que em anos anteriores. E onde a Rússia aparece também aqui isolada da comunidade internacional, pois que ao contrário do que acontecia noutros tempos não teve a presença de quaisquer políticos internacionais de renome. Evidentemente que Putin quereria apresentar a Ucrânia como troféu de guerra, mas as contas saíram-lhe furadas e parece mais estar num beco sem saída.
Ainda sobre a guerra na Ucrânia e os milhões de refugiados que gerou. E do terramoto político que assolou por estes dias a Câmara de Setúbal. Ucranianos a serem recebidos por russos no gabinete camarário de apoio aos refugiados da guerra devastadora promovida pela Rússia é, no mínimo, estranho. Da parte da Câmara de Setúbal podemos considerar este, um ato de ingenuidade? Ou será mais um comportamento de nacional-porreirismo? Não defendendo a russofobia, e sabendo mesmo que tantos russos que aqui vivem são assumidamente contra a guerra que consideram fratricida, contra Putin, solidários com as vítimas da guerra, outros há que, também assumidamente estão a favor do regime de Putin, e podem sê-lo porque vivemos em democracia. E mesmo estando da posse de toda a informação veiculada pela imprensa livre, ao contrário do que acontece na Rússia, continuam a apoiar publicamente Putin, a considerar esta uma guerra patriótica e de defesa das fronteiras, na iminência de serem violadas pelos fascistas e nazis da NATO. Era o caso do casal de russos ao serviço da Câmara de Setúbal. Não escondiam a simpatia pelo pensamento do invasor. E a Câmara não sabia? E a informação recolhida servia para quê? Para quem? Muitas perguntas a necessitar de respostas.

11/05/2022
 

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