AVALIADAS EM UM MILHÃO E 200 MIL EUROS
Mestre Manuel Cargaleiro doa 1.875 obras de cerâmica à fundação com o seu nome
O mestre Manuel Cargaleiro doou, na passada sexta-feira, 6 de maio, 1.875 obras de cerâmica, avaliadas em um milhão e 200 mil euros, à Fundação Manuel Cargaleiro.
Na cerimónia, que decorreu no Museu Cargaleiro, em Castelo Branco, Manuel Cargaleiro considerou “o ato importantíssimo para a Fundação, porque esta é uma fundação importantíssima em Portugal, pelo número de obras que tem”.
Manuel Cargaleiro salienta que “são obras feitas por mim, em 70 anos” e acrescenta que, “paralelamente, fui comprando, juntando outras”, uma vez que “quando vendia um quadro meu, comprava obras de cerâmica antiga nacionais e estrangeiras”. A isto junta uma biblioteca, com “três ou quatro mil livros de arte”.
Manuel Cargaleiro realça que “esta é uma fundação que não tem dinheiro, mas tem obras” e pelo meio recorda que “em Castelo Branco foi onde me receberam e colaboraram comigo”.
O mestre não esconde que “a Fundação ainda não tem a visibilidade que gostaria que tivesse”, mas não duvida que “a Câmara de Castelo Branco, cada vez mais, vai colaborar para que a Fundação seja mais conhecida em Portugal e no estrangeiro”.
No que se refere à doacção agora concretizada, Manuel Cargaleiro, relembra que “não é a primeira vez” e assegura que “vamos continuar a fazer isto”, confessando que “há um problema, se eu não fizesse isto, como não tenho filhos, haveria os meus herdeiros”. Por isso assegura que “estes atos são importantíssimos. Estou a doar à Fundação tudo isto”.
Manuel Cargaleiro refere que da cerâmica doada “parte é feita por mim e grande parte é cerâmica antiga”, dando como exemplo, “azulejos, cerâmica de antes da fundação portuguesa, do período hispano-árabe até à atualidade”. Avança também que “temos material para expor relativo a Portugal, a todas as regiões, mas também cerâmica moderna e antiga dos países da Europa a que estive mais ligado, nomeadamente Espanha, França e Itália”.
Noutra abordagem, Manuel Cargaleiro afirma que “as pessoas interessam-se mais por mim, mas gostava que gostassem de ver o resto, pois isto é parte da cultura, do conhecimento geral”. Nesta matéria dá como exemplo a exposição Cargaleiro e Aos Amigos que esteve patente no Museu Cargaleiro, para reforçar que o objetivo era que fossem apreciadas não apenas as obras da sua autoria, mas também as de outros artistas, pois, sublinha “gostava que houvesse muito interesse por tudo”.
Na cerimónia o vice-presidente da Câmara de Castelo Branco, Hélder Henriques, começou por afirmar que Manuel Cargaleiro “é uma referência na arte do ponto de vista internacional”, para avançar que esta é uma “iniciativa em que a Câmara colabora, porque entende que se queremos transformar Castelo Branco na cidade das artes, da criatividade, temos que apoiar a Fundação”, até para que “o Museu seja um pólo internacional”.
Hélder Henriques aproveitou também para “agradecer ao mestre Manuel Cargaleiro por confiar na Câmara e em todos os Albicastrenses para depositar a sua obra. Estamos muito gratos”.
António Tavares