Edição nº 1746 - 15 de junho de 2022

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

A GUERRA NA UCRÂNIA fez sair do radar das notícias e das tertúlias televisivas as situações dramáticas de povos que habitam outras partes do Mundo. Hoje trago à liça o Afeganistão. Todos ainda terão na memória as imagens fortes da retirada das tropas americanas e aliados e da entrada dos talibãs em Kabul, a fuga desesperada de afegãos dependurados nos aviões prestes a levantar voo. Das imagens dos guerrilheiros armados, nas ruas da capital, a impor a presença e os seus princípios civilizacionais arcaicos entre uma população vergonhosamente abandonada pelos países ocidentais, em particular pela América, numa decisão de retirada tomada por Trump (America first) e executada por Biden. Foi a prova do falhanço em toda a linha do objetivo de institucionalização de um regime democrático, pelo menos o mais próximo possível daquilo que se convencionou denominar de democracia. Provavelmente porque era uma missão impossível? Ainda estaremos lembrados das primeiras conferências de imprensa dos talibãs em que eles, estrategicamente como era bom de ver, se esforçaram por mostrar outra abertura e tolerância, diferente dos primeiros talibãs de há 20 anos atrás. Mas os primeiros atos não corresponderam com as palavras. Toda a música foi proibida. E os 150 jovens do Instituto Afegão de Música acabaram por se refugiar em Portugal onde continuaram a estudar e a praticar a música tradicional afegã. E ainda este ano, em março, reverteram a possibilidade das raparigas poderem frequentar o ensino básico e secundário. E mais recentemente, o líder supremo do Afeganistão ordenou que todas as mulheres afegãs usassem burca em público, uma peça de vestuário que esconde por completo o corpo da mulher, incluindo os olhos. Uma forma de prisão para as mulheres que não podem viajar ou sair à rua sozinhas, e esta será a mais severa restrição à liberdade das mulheres, imposta pelo regime talibã. Claro que neste momento os países ocidentais pouco poderão fazer ou pouco fazem pelas mulheres afegãs, pela população em geral. Ficamos pelo isolamento internacional deste regime anacrónico mais preocupado com a defesa da moral, contra “o vício”, do que com as condições dramáticas em que vive a quase totalidade da população, cada vez mais incapaz de sobreviver numa economia completamente devastada e que não funciona. A Unicef alertou para este insano problema, pelos 98% da população sem o suficiente para comer e quase 4 milhões de crianças a sofrerem de desnutrição grave. O Mundo não pode ficar de braços cruzados, diz a Unicef, dirá cada um de nós.

PELA ORDEM NATURAL DAS COISAS, uma mãe ou um pai nunca deveriam conhecer a dor imensa de perder um filho. Mas a vida prega partidas ruins. Ao Manel, que tinha uma já reconhecida carreira profissional, uma vida plena de projetos e alimentada pelas causas solidárias. Não há palavras que possam aliviar a dor dos meus amigos Maria Manuel e Toni Abrunhosa. E na condição de diretor da Gazeta do Interior, não posso esquecer o papel que Toni, também como diretor, desempenhou neste jornal. A ele aqui deixo um forte abraço solidário e amigo.

15/06/2022
 

Em Agenda

 
29/05 a 12/10
Castanheira Retrospetiva Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco

Gala Troféu Gazeta Atletismo 2023

Castelo Branco nos Açores

Video