Festival homenageia Jaime Lopes Dias no Vale da Senhora da Póvoa
O Festival Figuras, Factos e Lugares – Jaime Lopes Dias vai regressar ao Vale da Senhora da Póvoa para a segunda edição, no próximo fim de semana, 26 e 27 de novembro, depois da edição de estreia ter decorrido em 2020. O evento é organizado pela Câmara de Penamacor, em colaboração com a Junta de Freguesia de Vale da Senhora da Póvoa, e pretende ser uma homenagem a Jaime Lopes Dias, filho do Vale da Senhora da Póvoa e importante etnógrafo do Século XX, com um papel preponderante na salvaguarda e na divulgação do património etnomusical da Região.
O Festival pretende, igualmente, ser uma ação de enaltecimento do vastíssimo património cultural do Concelho de Penamacor e da Freguesia de Vale da Senhora da Póvoa.
O momento alto do certame é uma residência artística, que surge no âmbito dos processos de valorização e salvaguarda do património imaterial do Concelho de Penamacor, na qual, durante quatro dias, oito músicos, sob a coordenação de António Bexiga, trabalharão os aspetos ligados à etnomusicologia do território, construindo um espetáculo musical com base nas recolhas do patrono do Festival. A apresentação do trabalho realizado decorre no dia 26 de novembro, às 21h30, na Alameda dos Balcões.
Do programa constam ainda diversos concertos, palestras, apresentações gastronómicas, apresentações literárias ou visitas a lagares.
De realçar que algumas das iniciativas são transmitidas em direto na página de Facebook da Câmara de Penamacor.
O programa começa no próximo sábado, 26 de novembro, às 16 horas, com a abertura, no salão da Junta de Freguesia do Vale da Senhora da Póvoa, e às 16h30 é apresentado o livro O Concelho de Penamacor na etnografia de Jaime Lopes Dias. Às 17h30 realiza-se uma visita ao lagar de António Mendes, o Lagar do Tó Padeiro, onde, de pois de uma degustação, se realiza um concerto do projeto Raia. A partir das 21h30 na Alameda dos Balcões decorre a apresentação da residência artística em concerto.
No próximo domingo, 27 de novembro, a partir das 15 horas, no Forno Comunitário, realiza-se o concerto Três Moças. Às 16 horas, no salão da junta de Freguesia, decorrem as Conversas improváveis com o património, com Jorge Lira e André Oliveirinha a apresentarem o estado dos trabalhos de investigação em torno dos instrumentos pastoris, nomeadamente a Gaita da Beira Baixa e Pífaro. Às 17 horas é a vez de se visitar o Lagar do Vaz, onde haverá um showcooking com Marco Santos e um concerto de teatro popular, com a Casa da Cultura de Orada e Adufeiras do Paul.
Recorde-se que Jaime dos Santos Lopes Dias, filho de José Lopes Dias e de Angélica Mendes Barreiros Dias, nasceu na antiga localidade de Vale de Lobo, atualmente designada de Vale da Senhora da Póvoa, no Concelho de Penamacor, a 25 de outubro de 1890. Em 1901 matriculou-se no primeiro ano do Liceu de Castelo Branco, concluindo o Curso Geral, em julho de 1906, frequentando o 6.º e parte do 7.º ano de Letras no Colégio de S. Fiel. Em 1908, no Liceu de Coimbra, terminou o Curso Complementar de Letras. Nessa cidade, em outubro do mesmo ano, matricula-se no primeiro ano da Faculdade de Direito, concluindo a formatura a 28 de julho de 1912. Desempenhou vários cargos administrativos e judiciais em Penamacor, em Idanha-a-Nova, em Castelo Branco e Lisboa, localidades onde viria também a exercer funções em associações culturais, artísticas e científicas. O seu interesse e preocupação no estudo do folclore da Beira Baixa, a região que lhe teve como berço, levou-o a escrever várias obras em torno da temática. Foi, igualmente, fundador, diretor e colaborador de inúmeros periódicos regionais e nacionais, como a Revista Municipal de Lisboa; o Boletim da Casa das Beiras; o Povo de Idanha, de Idanha-a-Nova, e a Província e a Ação Regional, ambos de Castelo Branco.
A dedicação academicista e intelectual de Jaime Lopes Dias mereceu-lhe o reconhecimento a nível nacional e internacional, nomeadamente tendo sido eleito como académico efetivo da Academia de Ciências de Lisboa, em 1962, ou como membro titular do Instituto Internacional de Ciências Administrativas de Bruxelas. Viria a falecer em Lisboa em 1977, com o desejo de vir a ser sepultado na sua terra natal.