Edição nº 1834 - 6 de março de 2024

Elsa Ligeiro
A IGUALDADE ESTÁ NO VOTO

Tinha um problema de expressão sempre que usava a palavra Igualdade.
Ao contrário da Liberdade e da Fraternidade em que sempre conseguia elaborar um discurso coerente; na Igualdade o caminho era mais nubloso, com algum nevoeiro dentro de mim (Eugénio de Andrade); e a mais pequena contestação do meu interlocutor deixava-me insegura.
Estava equivocada. A Igualdade é a mais simples das três palavras da Revolução Francesa; porque em democracia ela é de uma evidência sem contestação.
Só em democracia existe Igualdade. Pelo menos no dia das eleições.
Na hora de votar terminam as diferenças sociais. O voto de um gordo vale o de um magro; o de um rico exatamente o de um pobre; o de uma mulher o mesmo que o de um homem; o voto de um jovem igual ao de um velho; o voto de um letrado vale tanto quanto o de um analfabeto a quem o símbolo o encaminha para o xis da sua igualdade; e podia continuar com exemplos até encher uma folha A4 ou A3.
A democracia tem muitas valências; e, na fragilidade do acolhimento que presta até aos que são contra ela, tem uma generosidade acrescida de igualdade na hora de eleger os seus representantes legais.
Secretamente, para ninguém sofrer represálias ou algum condicionalismo no trabalho, no bairro que habita ou entre os amigos com opiniões antagónicas.
Além de ser o ato de liberdade pessoal de nota máxima, é a grandeza da igualdade no voto que dá uma expressão insuperável à democracia.
Por isso, se há algo que não entendo e não perdoo aos meus concidadãos é aquela arrogância de em dia de eleições partirem com a família (ou sozinhos) para visitar museus e belos monumentos a cidades vizinhas só porque na sua opinião “são todos iguais”, ou “não vale a pena”, exercendo desta forma o seu diletantismo.
Uma manifestação idêntica à que testemunho quando em frente da montra da pastelaria cheia de opções deliciosas proclamam que não querem nada porque não têm ao seu dispor a “alsaciana” ou o “palmier recheado” de que gostam.
Ficam só pelo café, como se fosse normal desdenhar um pastel de nata ou um bolo de arroz!
Estes concidadãos, alguns deles meus amigos, são pessoas infelizes, julgam-se o centro das atenções e, como tal, utilizam o seu exercício de liberdade para desejar sempre o que não há; dizendo não ao voto quando têm o poder na mão.
Merecem o nosso perdão, pois ainda não descobriram a alegria de viver em Comunidade.
A que resolve, entre todos, problemas difíceis; e nos ajuda a sobreviver nas dificuldades; como em casos de pandemia ou em guerras alheias que nos afetarão mais tarde ou mais cedo.
Ainda não sabem que, só em democracia, votar é descer ou ascender ao território da igualdade. Absoluta. Secreta. E única.

06/03/2024
 

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