Edição nº 1871 - 27 de novembro de 2024

João Belém
TOLERÂNCIA …….

O resultado mais sublime da educação é a tolerância.
Helen Keller

A palavra “tolerância” deriva do latim “tolerare”, que significa suportar ou sustentar. Historicamente, o conceito de tolerância esteve associado a resistir ou aceitar o que era diferente ou difícil de ser compreendido. Na sua essência, tolerar algo não implica aprovação, mas uma aceitação da existência do outro com respeito às suas diferenças.
Na sociedade contemporânea, a tolerância assume múltiplas dimensões: religiosa, política, cultural, sexual, entre outras. Num mundo, cada vez mais, interconectado e globalizado, é comum que pessoas com diferentes valores, crenças e estilos de vida compartilhem o mesmo espaço, seja físico ou virtual. Essa proximidade aumenta a necessidade de uma tolerância como uma prática ativa de respeito e valorização das diferenças.
Embora a tolerância seja amplamente valorizada, ela não é ilimitada. Um dos principais desafios do conceito é definir onde a tolerância deve cessar. O filósofo Karl Popper aborda esse ponto no seu famoso “paradoxo da tolerância”, afirmando que uma sociedade que tolera o intolerante corre o risco de ser destruída por ele. Por outras palavras, uma tolerância irrestrita pode, paradoxalmente, comprometer a própria estabilidade e segurança da sociedade.
Este paradoxo coloca questões complexas sobre como lidar com ideologias ou discursos que promovem o ódio, a violência ou a exclusão de certos grupos. Em sociedades democráticas, onde a liberdade de expressão é um valor fundamental, surge o dilema: até que ponto devemos tolerar a expressão de ideias que ameaçam a própria liberdade e os direitos humanos?
Outro desafio da tolerância é a dificuldade em diferenciar entre aceitação e aprovação. Muitas vezes, espera-se que a tolerância implique concordância com práticas ou crenças que podem divergir dos nossos valores. No entanto, tolerância é a capacidade de coexistir pacificamente com o diferente. Essa distinção é importante para que a prática da tolerância não se torne um fardo moral ou uma concessão ideológica que comprometa a identidade e os valores individuais.
Na sequência do já referido a tolerância está intimamente ligada aos direitos humanos, pois representa o respeito à dignidade e à autonomia de cada pessoa. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela ONU em 1948, reflete esse princípio ao afirmar que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Essa igualdade fundamental implica que cada pessoa tem o direito de viver de acordo com suas próprias crenças e valores, desde que isso não prejudique os direitos dos outros.
A prática da tolerância é, portanto, um dos pilares para a realização dos direitos humanos. Sem tolerância, não é possível garantir a liberdade de expressão, a liberdade religiosa, o direito à privacidade e tantos outros direitos fundamentais. A promoção da tolerância exige, então, uma abordagem inclusiva e igualitária, em que todos os grupos e indivíduos sejam respeitados e tenham a oportunidade de participar da vida social em condições de igualdade.

27/11/2024
 

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