OS PROJETOS FORAM APRESENTADOS POR EQUIPAS DE ARQUITETOS DE CASTELO BRANCO
Concurso de ideias para a antiga Piscina do Castelo tem vencedores
Os dois projetos vencedores do concurso público de ideias para a reconstrução e alteração da antiga Piscina de Castelo Branco, localizada na encosta do Castelo, foram apresentados dia 22 de fevereiro, no Museu Francisco Tavares Proença Júnior, numa Sessão Pública que incluiu um debate sobre o futuro desta infraestrutura.
O concurso, promovido pela Câmara de Castelo Branco, com a assessoria da Secção Regional do Centro da Ordem dos Arquitetos, pretendeu encontrar as melhores propostas para um novo uso daquele espaço identitário da cidade, encerrado há mais de 20 anos e que, desde então, tem acolhido associações.
O primeiro classificado foi o projeto apresentado pelo atelier Dobrarquitetura, coordenado pela arquiteta Alexandra Paisana Belo, em equipa com o arquiteto Vítor Mingacho, que recebeu um prémio de seis mil euros.
O projeto propõe a criação da Porta da Encosta, como sendo uma nova entrada para a cidade, através de novos acessos e percursos, baseada em estratégias de urbanismo.
O espaço teria duas plataformas, sendo uma mais paisagística, na parte de cima do terreno, de parque urbano, através da renaturalização da encosta, com árvores e vegetação; e outra, mais como área de lazer, de parque lúdico, na parte inferior do terreno, com jogos de água e também com alguns edificados.
A estabilização estrutural do terreno seria concretizada através de um edifício multifuncional, numa zona semienterrada. Os antigos balneários poderiam ser utilizados por associações ou empresas e o antigo poço seria dividido por pisos, ocupados por escritórios ou assumir uma função habitacional.
O projeto pretende manter o padrão do pavimento e o edifício de restauração, contemplando, ainda, a criação de estacionamento para autocarros turísticos e estacionamento de apoio à zona do Castelo, bem como a implementação de passadiços entre cotas e de elevadores panorâmicos, um deles inserido na antiga torre de saltos da Piscina.
O segundo classificado foi o projeto apresentado pelo arquiteto Nelson Gil Valente Martins, em equipa com a arquiteta Inês Semedo, que recebeu um prémio de três mil euros.
O projeto propõe uma dinâmica de ocupação, de dois pólos distintos com um espaço de ligação, trazendo postos de trabalho, através do conceito de Fab-Lab, enquanto Centro Artístico e Tecnológico, com várias salas criativas e gabinetes dedicados ao empreendedorismo, readaptando os edifícios existentes e, simultaneamente, criando um novo arranjo paisagístico, aumentando a zona de contemplação da cidade.
O espaço apresentaria uma espécie de rampa multiusos, que poderia servir como palco para eventos e teria uma zona de bancadas com sombra.
A antiga torre de saltos passaria a ser um miradouro, com queda de água, onde estaria exibido o lettering do Fab-Lab. A zona do bar mantinha-se, seriam acrescentados oficinas e arrumos e haveria um anfiteatro natural no local da antiga Piscina. Os estacionamentos existentes também permaneceriam, adicionando um elevador e um novo acesso pedonal.
Este projeto também pretende ser um complemento de usufruto aos habitantes e visitantes da zona do Castelo, dando-lhes um lugar agradável, com um lago e um bar com esplanada.
O júri procedeu à avaliação dos trabalhos, tendo em consideração os critérios de seleção estabelecidos, que foram a pertinência, originalidade e inovação, avaliados em 40 por cento; a integração do existente, programa atrativo e articulado, avaliados em 30 por cento; e a exequibilidade e sustentabilidade, flexibilidade e versatilidade, avaliados em 30 por cento.
O presidente da Câmara de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, considera que “o papel da arquitetura e o seu impacto devem ser debatidos” e as duas ideias apresentadas “servirão de base para um programa que se quer discutido e o mais abrangente possível”.
Leopoldo Rodrigues realçou “o trabalho profícuo” que a Câmara tem vindo a realizar com a Ordem dos Arquitetos e destacou a “coragem e qualidade” dos projetos concorrentes, frisando que “o caminho não acaba aqui, pois este é um primeiro passo daquilo que será o projeto final do caderno de encargos que vamos lançar”.
Apesar do desejo manifestado de alguns Albicastrenses em querer reaproveitar o equipamento da Piscina, e de essa também ter sido a primeira intenção da Câmara, Leopoldo Rodrigues deixou claro que não voltará a ser um espaço balnear, uma vez que “deparámo-nos com dificuldades, como a consolidação do terreno, que trariam encargos financeiros quase incomportáveis” e, dada a alocação de recursos com esta dimensão a equipamentos públicos, “o tempo de utilização não poderia ser apenas nos meses do verão”.
O arquiteto Florindo Belo Marques, presidente do Conselho Diretivo Regional do Centro da Ordem dos Arquitetos e presidente do júri do concurso de ideias, sublinhou que “as zonas do Interior merecem respeito e atenção”, frisando a relevância de “celebrar a arquitetura e pensar o território”, para avançar que “rejuvenescer um equipamento importante” é o principal objetivo deste concurso de ideias que tem a “intenção de recolher ideias necessárias que também ajudem a preservar a memória coletiva deste espaço”.
De referir, ainda que a Câmara de Castelo Branco vai acolher e ponderar as melhores ideias e soluções que estarão na base da definição do programa preliminar do segundo concurso público de conceção, seguido de ajuste direto, para aquisição de serviços para a elaboração do projeto para a reconstrução da antiga Piscina de Castelo Branco, que será lançado oportunamente.