21 de outubro de 2015

Em Esfrega, Herdade e Alvito milhares de euros de prejuízo
Tromba de água desaloja duas famílias

Parece uma repetição das inundações de 2004, o que aconteceu no início da semana passada, mais precisamente na segunda-feira, dia 12, com a chuva a provocar a inundação de diversas casas em Esfrega, a destruição de terrenos agrícolas na Herdade e estragos junto ao lagar do Alvito.
Em Esfrega, um dos afetados também viu a casa inundada até ao telhado em 2004. Tudo por culpa de um aqueduto de escoamento de águas no ribeiro ali próximo, que é muito pequeno. Em caso de enxurrada, não engole toda a água, entope e a água vai subindo.
Luís Marques diz que por pouco não morreu, pois subiu ao último piso para salvar talvez os documentos e algum dinheiro, e teve a água pelo nariz. “Se estivesse a dormir, tinha morrido”, sentencia.
No Alvito também houve destruição. Mas desta vez, em 2015, houve uma agravante. É que ergueram lá a Praia Fluvial, que a força das águas devastou: solário e relva destruídos, escadas de acesso à água e candeeiros de iluminação, as duas churrasqueiras e os chuveiros arrancados; as grades de proteção da ponte das comportas retorcidas, o sistema de rega automática e tubagens várias destruídas. Apenas a fonte de água resistiu.
O bar da Praia Fluvial também foi inundado, com a água a subir de forma considerável, 40 centímetros. Valeu terem conseguido levar as arcas congeladoras para local seguro. Mas perderam as máquinas do café e lava-loiça. Havia muita lama e copos, pratos e barris de cerveja vazios a boiar.
As cadeiras da esplanada, conta Sandrine Mendonça, conseguiram trazê-las para dentro pois, caso contrário, tinham ido na enxurrada. As limpezas couberam às funcionárias do bar, que trabalharam afincadamente.
Na Herdade, a água veio de dois vales e inundou as lojas, rés do chão de duas casas, destruindo produtos agrícolas armazenados para o inverno, máquinas agrícolas e eletrodomésticos. No ribeiro principal, a torrente galgou a ponte, não cabendo no leito. Mais abaixo, já desgovernadas, as águas arrasaram culturas agrícolas e sugaram todo o solo dos terrenos. Também aqui uma reedição de 2004.
No Esfrega, gente pobre, que vive do campo, com poucos recursos, não merecia isto. “Só acontece isto aos pobres”, desabafa um homem que viu o rés do chão da casa inundado e perdeu os cereais que tinha guardados para usar no inverno. O milho, mais de 100 alqueires, que cultivou arduamente durante o verão, foi-se. As arcas congeladoras, máquinas agrícolas e diversos produtos agrícolas armazenados, perderam-se. Os bombeiros acudiram. Os porcos estavam a nadar no curral. Abriu-se um buraco no tijolo e a água escoou. Os animais boiavam, ainda se salvaram. “Tinha custado 170 euros cada um”. Muito dinheiro para quem sobrevive do campo.
Já o vizinho viu também máquinas agrícolas e produtos agrícolas destruídos. Dos 17 cabritos, cinco morreram afogados ou foram na enxurrada. O curral foi inundado. Com a água já pelo nariz, conseguiu salvar as cabras.
Na aldeia há portas de casas bloqueadas pela acumulação de pedras e lama.
Ninguém as consegue abrir. A torrente abriu sulcos enormes, fez aluir barreiras de terra. E veio tudo por ali abaixo: água e pedras.
Luís Marques viu a água subir até ao último piso; por baixo havia a cozinha, a sala, um quarto e casa de banho, tudo foi destruído. Agora não resta senão ser alojado na casa dos vizinhos. A Segurança Social esteve no terreno.
Eletrodomésticos e móveis seguiram para o lixo, retirados por funcionários da Câmara: De modo que a casa ficou sem o recheio. Apenas paredes, a casa de banho com a mobília cheia de lama e a cozinha irreconhecível.
Nem o forno, ali ao lado, escapou.

Proibido
cortar árvores
Começam a levantar-se vozes contra as autoridades que não permitem que se cortem árvores no leito da ribeira, principalmente amieiros e choupos.
Árvores estas que obstruem a passagem da água, fazendo com que esta saia fora do leito da ribeira e alague casas e terrenos agrícolas.
Árvores estas que foram agora arrancadas pela força da água. Troncos enormes e raízes seguiram em direção à Praia Fluvial do Alvito, onde causaram muita da destruição.
Em virtude de uma candidatura a fundos comunitários foi autorizado intervir no leito do curso de água, mas apenas para cortar a vegetação mais rasteira.
Paulo Marques

22/10/2015
 

Em Agenda

 
29/05 a 12/10
Castanheira Retrospetiva Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco
02/08 a 26/10
Barro e AlmaMuseu Francisco Tavares Proença Júnior, Castelo Branco
06/08 a 14/09
O Vestido da minha vidaGaleria Municipal de Oleiros
06/08 a 30/08
Quando a Luz do Teu Corpo Me CegaSociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa

Gala Troféu Gazeta Atletismo 2023

Castelo Branco nos Açores

Video