16 de novembro de 2016

Lopes Marcelo
Tavares Proença Júnior; acções e publicações

Em 1903, frequentando em Coimbra o curso de Direito por imposição de seu pai, na revista O Instituto, números de julho e Setembro, o jovem arqueólogo deu conta dos achados realizados na região de Castelo Branco. Nesses artigos descreve sepulturas abertas na rocha, que considera da Idade do Ferro. Em Novembro, publica o artigo “Vestígios do passado” que ofereceu ao Dr. Bernardino Machado, Director da Revista, com a descrição de um dos Covões da Serra da Estrela, de sinais gravados num rochedo de granito e de sepulturas abertas na rocha do Chão Cimeiro, na zona de Unhais da Serra. No Natal de 1903, realizou intensas pesquisas em Idanha a Velha. Nas férias da Páscoa de 1904, procedeu a escavações em Escalos de Cima, encontrando alicerces de habitações antigas e grande quantidade de fragmentos de telhas e vasos de barro grosseiro. Ainda em 1904, deu a público “Três inscripções romanas inéditas”, impresso em Castelo Branco.
Interessa-se pela numismática na sequência de ter encontrado uma moeda visigótica, cunhada no tempo de Egica que governou a Península nos anos de 680 a 690 da nossa era.
Em 1905, com “Notice sur deux monuments épigraphique” apresentado no Congresso Préhistórico de Périgueux, sublinha a notável abundância de instrumentos neolíticos na região de Castelo Branco, acrescentando ter já recolhido 450 machados de pedra polida. Este estudo centra-se em dois monolitos encontrados no topo do Monte de São Martinho, provavelmente antigos objectos de culto, cuja divulgação teve um grande impacto na Europa.
No verão de 1906 prossegue explorações arqueológicas na Serra da Estrela e em 1907 publica no Archeologo Português um estudo sobre “Inscrições Romanas de Castelo Branco” e recolheu e classificou aras e inscrições tumulares.
Em 1907 assume não concretizar a vontade de seu pai, deixa o curso de Direito e consagra-se inteiramente aos trabalhos de oficina de arqueólogo, à exploração directa dos locais e à classificação das espécies da sua extensa colecção. Nessa época era já sócio efectivo da Real Associação de Arquitectos e Arqueólogos, sócio da Societé Française de Fouilles Arqueologiques, desde 1904 e sócio do Instituto de Coimbra em 1906.
Em 1908 publicou o “Ensaio de inventário dos Castros portuguêses”, com o rol de mais de quinhentos castros em todo o país. Estuda a Necrópole dolménica de Sarnadas.
A culminar laboriosa inventariação, publica em 1910 a “Archelogia do Distrito de Castelo Branco”que inicia com uma Carta Archeológica, localizando estações neolíticas, antas, túmulos, castros estações romanas, sepulturas em rocha, inscrições e objectos de épocas diversas.
Publica na consagrada revista Homme Préhistorique um artigo sobre machados polidos.
Em 1910, concretiza o projecto de uma revista de arqueologia que intitula “Materiais”, com o primeiro número referente em Julho/Agosto. Até ao fim do ano, ainda publica mais dois números, ficando a sequência comprometida face ao período revolucionário da implantação da República.
Entre dezenas e dezenas de estudos, artigos e inúmeros registos de trabalhos de campo de uma década dedicada ao estudo da nossa região, apenas aqui se sublinharam os mais representativos. De facto, Francisco Tavares Proença Júnior, dedicou-se de forma tão intensa e profícua aos estudos da sua vocação que marcou de forma determinante a nossa região e, sobretudo, a nossa cidade com destaque para o extraordinário legado que foi a criação do Museu. Mais de cem anos depois, no longo arco da história, destaca-se a sua memória e herança cultural a enriquecer o nosso presente e contribuindo para um futuro com autenticidade e identidade.

16/11/2016
 

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