Fernando Raposo
ESTAMOS NO BOM CAMINHO
Ao contrário do que muitos pensavam, alguns até o desejavam e faziam “ figas” para que a “coisa” corresse mal e a “geringonça” se desmantelasse, os primeiros cem dias de governo vieram demonstrar que é possível uma outra política mais consentânea com as expectativas da grande maioria dos portugueses e a defesa dos interesses do país.
Pela primeira vez, depois de Abril, o Orçamento Geral do Estado para 2016 foi aprovado pelo partido socialista e pelos partidos à sua esquerda. O PSD e o CDS, optaram por votar contra.
Ao contrário do CDS, que na discussão na especialidade deu contributos ao propor alterações, o PSD optou por demitir-se do país, não por ter votado contra mas por abster-se de propor alterações que correspondessem aos compromissos que ele assumiu junto dos seus eleitores. Atitude que não é compaginável com o exercício da democracia.
Apesar das diferenças ideológicas e programáticas entre os partidos, a aprovação do orçamento veio demonstrar que são possíveis entendimentos e é desejável a construção de consensos em torno daquilo que é o interesse comum. E este interesse comum será sempre um bem maior quanto maior for a expressão da vontade da maioria.
A afirmação dos grandes líderes e dos Estadistas, revela-se pela sua enorme capacidade mobilizadora e de construção de consensos, pela sua coragem e determinação, mas também pela humildade e pela capacidade de saber ouvir os outros e acomodar as diferenças.
António Costa, nestes primeiros cem dias, tem revelado todas estas qualidades, o que não é do somenos importância para recuperar a confiança dos portugueses e voltar a acreditar que é possível construir uma sociedade mais justa e mais solidária.
A postura adoptada por Passo Coelho quanto ao orçamento, e já atrás referida, tornam mais difícil o envolvimento do PSD nas reformas de que o país precisa, deixando que elas sejam a expressão apenas das opções do PS e dos partidos à sua esquerda, que no quadro parlamentar sustentam o governo.
Algumas delas, como a da educação, saúde, segurança social, justiça, etc., devem ser pensadas para médio/longo prazo, e não de acordo com a vontade daqueles que em cada momento são governo, pelo que o envolvimento de todos os partidos, ou pelo menos da maioria, se torna imperioso. Daí que do PSD se espere um papel mais participativo e cooperante, sob pena de as expectativas daqueles que nele votaram serem goradas.
Por tudo o que já foi feito nos primeiros cem dias de governo, e não foi pouco, e pela forma como o Primeiro-ministro soube ouvir e dialogar com todos, são o melhor sinal de que há outras formas de vencer as dificuldades e ultrapassar os constrangimentos, sem “ferir” a dignidade dos portugueses e condená-los a um sacrifício impiedoso.
Ainda a propósito do orçamento para 2016, vale a pena atermo-nos às palavras da deputada Mariana Mortágua, citadas pelo Público, e que ilustram bem as diferenças entre a anterior maioria (PSD/CDS) e o actual governo do PS com o apoio parlamentar dos partidos à sua esquerda: -“Os senhores usaram a vossa maioria parlamentar para tirar às pessoas, pois nós juntamos esta maioria para proteger quem trabalha ou quer trabalhar neste país”.
Mas para além da aprovação do orçamento, em respeito pela Constituição e pelos compromissos internacionais e dentro dos acordos estabelecidos com os partidos de esquerda, que muitos julgavam tarefa auspiciosa, senão mesmo impossível, o Governo implementou já um conjunto de medidas que assegura uma melhor qualidade de vida e de bem estar dos portugueses, e que são pautadas pelo primado do desenvolvimento integrado de todo o país.
Não cabendo no âmbito deste artigo, por falta de espaço, analisar detalhadamente cada uma das medidas, vale a pena dar nota da criação do grupo de missão para o Interior e cuja tomada de posse da equipa de coordenação teve lugar no concelho de Idanha-a-Nova, no passado dia 05 de Março.
A criação do grupo de missão, que contribuirá para valorizar toda a região do interior e fixar a população, de norte a sul, constitui para todos nós, que por aqui vivemos e vamos resistindo, um forte sinal de esperança, mas também um enorme motivo de orgulho, em particular para os que vivem ou tem raízes no nosso distrito, por um dos seus responsáveis ser um autarca da nossa região, o engenheiro João Paulo Catarino, que conhece bem as dificuldades do que aqui teimam em não desistir.
Mesmo antes de esgotados os primeiros cem dias, o governo aprovou, no âmbito do “Plano 100”, 607 projectos de 2134 empresas, tendo já sido pagos 114 milhões de euros. Este plano foi desenhado nas primeiras três semanas de governo, envolve um pacote financeiro de 661 milhões de euros, prevendo-se a criação de ”3805 empregos directos “ e a exportação de de mais 2.219 milhões de euros (Expresso de 5-03-2016).
Estamos no bom caminho.