9 de janeiro de 2019

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

EM PORTUGAL, QUASE SEMPRE A JUSTIÇA É LENTA. Qualquer processo, um pouco mais complexo leva anos, entre investigação e julgamento. E quando estão envolvidas personalidades destacadas a Comunicação Social e as redes sociais encarregam-se de as condenar sumariamente, com a divulgação cirúrgica de elementos do processo que condicionam a opinião pública. Na semana passada, ao fim de mais de quatro anos chegou ao fim ao caso dos Vistos Gold. Foi um processo que envolveu o então ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, e altos dirigentes da função pública. Miguel Macedo era uma figura consensual no PSD, com ambições políticas que permitiam conjeturar que hoje até poderia ser líder do seu partido. Por causa das acusações demitiu-se e pôs um ponto final na sua carreira política. Outros dirigentes, como Manuel Palos, ascendera por mérito próprio à chefia do SEF. A acusação cortou-lhe a sua carreira profissional e chegou mesmo a estar em prisão domiciliária. Agora, lida a sentença (repito: quatro anos depois do início do processo), Miguel Macedo e Manuel Palos foram inocentados de qualquer das acusações que o MP lhe fez. E quem é que agora se responsabiliza pelo que aconteceu a estes dois cidadãos que viram os seus nomes e caras enlameados e as suas carreiras irremediavelmente interrompidas? Pelo meio, a situação inusitada e grave de um canal televisivo considerar de interesse público a transmissão do vídeo do interrogatório destes duas individualidades por uma procuradora. Nunca se soube como o CMTV conseguiu o documento e não se conhece a existência ou o resultado de qualquer inquérito da Procuradora Geral da República, na época a  Dra Joana Marques Vidal, a esta situação grave, inqualificável em qualquer parte do Mundo. A corrida às audiências não pode valer tudo, como a exploração deste e de outros casos mediáticos ou como aquilo que ainda há poucos dias aconteceu na TVI com a branda entrevista do líder da extrema direita fascista ao programa da manhã daquela estação, não por acaso dirigido a um público mais influenciável e menos crítico. A justificação da TVI não a iliba, porque até que se mude a Constituição, não pode esquecer que é proibida a divulgação e publicidade aos ideais fascistas. E é assim que se alimenta a corrente populista que corre pela Europa e de que o Presidente Marcelo falou no seus discurso de Ano Novo, um discurso muito pedagógico, a defender que a resposta a estes tempos só pode ser uma: valores, princípios e saber aprendido em quase novecentos anos de História; dignidade da pessoa, de todas as pessoas, a começar nas mais frágeis, excluídas, ignoradas. Mas o Presidente da República borrou a pintura ainda esta semana, porque não se pode combater o populismo, interrompendo uma reunião para fazer um telefonema em direto a desejar sorte à Cristina Ferreira no seu novo programa das manhãs da SIC.

09/01/2019
 

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