Maria de Lurdes Gouveia Barata
ESTE MÊS DE JANEIRO…
Janeiro é o primeiro mês do ano. O nome provém do latim Ianuarius, uma homenagem a Jano, deus do começo na mitologia romana, que tinha duas faces, uma olhando para trás, o passado, e outra olhando para a frente, o futuro. Esta dupla face de Jano tem muito que se lhe diga, se entrarmos no domínio da psicologia, o que não vem agora ao caso. Janeiro chegou frio, azul, com horizonte límpido e pleno de esperança, ou não fosse um começo. No mundo em que vivemos é bom ter essa esperança, será um interlúdio para tantas preocupações que afligem a humanidade. E não desapareceram com a chegada de Janeiro, embora haja aquela hipótese de que as coisas vão melhorar. Diga-se assim seja para dar força à tal luz verde de Ano Bom.
Ainda aparece por aí o QUENTES E BOAS!, que se arredondam de moreno sobre o brasido que as faz saltar, ouvem-se as vozes de coro de Janeiras, seguindo as antigas tradições, preservando-as com afecto no percurso das ruas enchendo-as de voz, num canto aos homens, num canto a Deus que os protege e os aplaude. Bater de porta em porta em algumas terras ainda significa pedido de oferta, como um doce, um copo de vinho, um naco de enchido. É encontro de celebração humana.
Janeiro traz-nos também o crescimento dos dias, diminuindo as trevas da noite, tornando-se o bom augúrio de mais tempo de luz solar. Não se diz que até 20 de Janeiro vai uma hora por inteiro e quem bem contar hora e meia vai achar? Só está aí o problema da chuva… Já se queixam os agricultores e é de acreditar, se recorrermos à velha sabedoria popular: A água de Janeiro traz azeite ao olival, vinho ao lagar e palha ao palheiro; A chuva de Janeiro enche o celeiro. Mas o frio veio com estes dias azuis, um frio de rachar, sobretudo de madrugada e à noite. Vêm-me à memória os tempos de estudante, o frio de Castelo Branco, quando dizíamos hoje está um barbeiro! Há poucos dias utilizei a expressão para uns conhecidos meus, mais novos, que a estranharam. Traduzi: está tanto frio que o ar corta a pele como a navalha dum barbeiro. Risota geral e concordância com a mensagem.
Falo de Janeiro como um primeiro mês de Ano Moço em que as boas intenções manifestadas e a esperança tomam lugar de relevo. Para muitos não passam de palavras-lugar-comum, que não sentem, são de ocasião e oportunidade, que na alma continuará uma continuação de egoísmos, de ganâncias, de indiferença perante os outros. Continuarão espíritos colonizados por clubismos, ideias tendenciosas, quando não ressentimentos contra o mundo. Há aqueles que continuarão a julgar os outros sem discernimento de actos e provas, apenas porque pertencem a este ou aquele clube, sem pensar no bem do seu país ou do mundo, cometendo injustiças de julgamento, ou, o que é pior, cobardemente urdindo actos e palavras falsas para conseguir poderzinhos ou vil dinheiro.
Volto sempre ao planeta que habitamos – é moinha constante em mim. Será que 2019 traz promessas? Volto aos senhores do mundo sobretudo o tal Donald que não vem em bandas desenhadas, mas parece banda desenhada pelo desempenho de vilão, admite mesmo a declaração de emergência para direccionar fundos que edificarão a vergonha do Muro. A paralisação de departamentos importantes do funcionamento do Governo – o shutdown. Espalha a angústia e o medo. Foi esse shutdown que deixou cerca de 800 mil funcionários norte-americanos em licença sem vencimento. Nos serviços considerados essenciais, os trabalhadores são forçados a trabalhar sem qualquer remuneração. E agora mais não digo de tanto que seria de dizer. É uma história triste na História dum país poderoso que influencia o mundo, uma história de bruxas e bruxos maus que salta de 2018 para 2019.
Por mais frágil que seja a esperança, agarremo-la!
DAS UTOPIAS
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!
Mario Quintana