António Tavares
Editorial
A redução dos valores das portagens nas autoestradas do Interior, como é o caso da Autoestrada da Beira Interior (A23), entra em vigor no próximo mês de julho.
A medida foi anunciada pelo Governo como um modo de “melhorar a mobilidade dentro dos territórios do Interior”, mas para quem aqui vive bem pode ser vista como algo a roçar o insulto. Desde logo, porque com a introdução do desconto por quantidade, a fazer lembrar o vendedor da banha da cobra ao anunciar que à dúzia é mais barato, o que se consegue é que, a partir de agora, mesmo entre os resilientes que aqui se mantêm, haverá cidadãos de primeira e de segunda. Porquê? Simples, porque nos primeiros sete dias as portagens são pagas na integra, entre o oitavo e o décimo quinto dia, beneficiam de 20 por cento desconto e a partir do décimo sexto dia até ao final do mês, beneficiam de 40 por cento de desconto, sendo que quem utilizar a autoestrada todos os dias terá um desconto de 25 por cento. Ou seja, quem não utilizar a autoestrada mais de sete dias por mês, e serão garantidamente muitos nessa situação, jamais terá qualquer desconto.
Porquê esse castigo? Será que por viajar menos, até por condicionantes que poderão ser económicas, deve ser tratado de modo diferente, para pior?
Pois é, se não querem ser vistos como vendilhões do templo, não vistam a pele, porque os Beirões não são ignorantes e desde sempre defendem que a única medida realmente justa é que a abolição das portagens, como foi inicialmente, com as SCUT, e nunca devia ter deixado de ser.