Edição nº 1635 - 22 de abril de 2020

João Belém
DÉJÀ VU

“Eu já vivi esta situação antes.”
As lembranças são eternas, mesmo que a memória se perca
o coração sempre baterá em déjà vu...
Vini‘Òpoeta

Déjà vu é o termo francês que significa literalmente “já visto”. Este termo é usado para designar aquela sensação que a pessoa tem de já ter vivido aquele exato momento pelo qual está passando ou de sentir que um local estranho é familiar.
É aquela sensação estranha em que a pessoa pensa “Eu já vivi esta situação antes.”
É como se aquele momento já tivesse sido vivido antes dele realmente acontecer.
No entanto, embora seja uma sensação relativamente comum a todas as pessoas, ainda não existe uma explicação científica única que justifique porque acontece. Isso porque o déjà vu é um acontecimento rápido e que acontece sem qualquer sinal de aviso, sendo difícil de estudar.
Charles Dickens referiu sobre o assunto “Todos já experimentámos a sensação de o que estamos a dizer ou a fazer já antes, há uns tempos, o termos dito ou feito. De termos estado rodeados pelas pessoas, objetos e circunstâncias que nos rodeiam agora, de saber perfeitamente o que vai passar-se”.
Por seu lado Douglas Coupland, escritor e artista contemporâneo, refere que as probabilidades são de que cada um de nós, quem quer que seja, tenha dois “déjà vu” por ano; dando a entender que a quantidade de dois “déjà vu” são apenas uma estimativa com base na sua experiência.
Sugere ainda o que pode ser a mensagem mais importante dos ” déjà vu”: “Em breve saber-se-á qual a atividade cerebral concreta em que assenta um “déjà vu” mas isso, por si só, não explica porque acontecem”.
No entanto, existem algumas teorias que, embora possam ser de certa forma complexas, podem justificar o “déjà vu”:
1. Acionamento acidental do cérebro
Nesta teoria é usada a suposição de que o cérebro tem dois processos quando observa uma cena familiar. Para isso, o cérebro procura em todas as memórias por alguma que seja semelhante e, depois, caso identifique, outra área do cérebro avisa que é uma situação semelhante.
2. Mal funcionamento da memória
Esta é uma das teorias mais antigas, na qual os investigadores acreditam que o cérebro passa à frente das memórias de curto prazo, chegando imediatamente nas memórias mais antigas, confundindo-as e fazendo-nos acreditar que as memórias mais recentes, que podem ainda estar sendo construídas sobre o momento que estamos vivendo, são mais antigas, criando a sensação de que já vivemos a situação antes.
3. Duplo processamento
Esta teoria está relacionada com a forma como o cérebro geralmente processa a informação que chega dos sentidos. Em situações normais, o lobo temporal do hemisfério esquerdo separa e analisa a informação que chega ao cérebro e depois envia para o hemisfério direito, sendo que essa informação depois volta ao hemisfério esquerdo.
Assim, cada informação passa duas vezes pelo lado esquerdo do cérebro. Quando essa segunda passagem demora mais tempo para acontecer, o cérebro pode ter mais dificuldade para processar a informação, achando que se trata de uma memória do passado.
4. Memórias de fontes erradas
O nosso cérebro guarda memórias vívidas de várias fontes, como a vida diária, filmes que assistimos ou livros que lemos no passado. Assim, esta teoria propõe que, quando um “déjà vu” acontece, na verdade o cérebro está identificando uma situação semelhante a algo que assistimos ou lemos, confundindo com algo que realmente aconteceu na vida real.
Sem certezas, mas apelando para uma reflexão sobre o assunto, poderemos dizer que tudo é único, por isso não há “déjà vu”. A experiência humana é singular, nada se repete. O que significa que o futuro nunca está feito, não está decidido, está sempre em aberto e em qualquer altura podemos fazer o inesperado, podemos fazer diferente.

22/04/2020
 

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