Edição nº 1635 - 22 de abril de 2020

Alfredo da Silva Correia
O COVID-19 E A ECONOMIA - ADAPTAÇÃO VAI SER NECESSÁRIA

Com 80 anos nunca me passou pela cabeça que poderia haver uma epidemia com dimensão mundial, chamada de pandemia, embora tenha de reconhecer que tal deveria ser previsível, como resultado do processo de globalização para o qual a humanidade foi conduzida. Sem dúvida que de tal processo não poderia resultar apenas aspectos positivos, como parece ter acontecido, embora nos últimos anos haja fortes indícios que a humanidade, também vai sofrer aspectos fortemente negativos, resultantes da mesma.
É interessante sabermos que sobre esta problemática circulava já em 1555 a seguinte profecia:
Nostradamus
No ano dos Gémeos (2020)
Surgirá uma rainha (coroa – corona)
Desde o oriente (China)
Que estenderá sua praga (vírus)
Vinda dos seres da noite (morcegos)
À terra das sete colinas (Itália)
Transformando o pó (morte)
Aos homens do crepúsculo (anciões)
Para culminar na sombra da ruína (fim da economia mundial)
Como profecia não podemos deixar de concluir, pelo que acabamos de viver com o COVID-19, que a mesma se está a concretizar restando-nos, no entanto, ainda vir a apreciar o nível da culminação da ruína. Embora tenhamos a incógnita de tal grau, não podemos deixar de afirmar, que este vírus está a constituir-se num sério aviso para a problemática do processo de globalização como, aliás, já são as profundas alterações climáticas sentidas.
Sem dúvida que o COVID -19 não só é uma epidemia com âmbito global, como nos está a fazer alterar profundamente o modo de vida, havendo já quem tenha dúvidas se voltaremos ao anterior, pelo menos sem consequências sérias. De facto a chegada de tal vírus planetário obrigou-nos ao enclausuramento e com este a habituarmo-nos a ter menor número de necessidades e a muito menor mobilidade, pondo em causa sectores de economia em crescendo a nível mundial, como é, por exemplo, o turismo que tem contribuído de uma forma crescente, ao longo das últimas décadas, para o PIB mundial. Também para nós, portugueses, tal representa um sério revés, pois o nosso fraco crescimento económico, das últimas décadas, tinha a ver sobretudo com tal sector, ao ponto de o mesmo ter até animado cidades que há cerca de 10 anos estavam definhando e que hoje estão pujantes.
Como contrapartida para os malefícios que o COVID – 19 nos trouxe, em termos de modo de vida, temos o facto, de a muito menor mobilidade estar a dar-nos alguns sinais de que a natureza se revela menos poluída, podendo tal estar a confirmar que as alterações climáticas que temos vivido se deve, sem dúvida alguma, também a um excesso de mobilidade. Reconheçamos que, passado algum tempo, até o clima pareceu melhor adequado à época, até com a chuva habitual.
Se aceitarmos estas leituras não podemos deixar de concluir que, se a humanidade se não quiser autodestruir, como alguns já estão convencidos, então temos que convencermo-nos que do princípio seguido de consumir o que se produz mais barato, produza-se onde se produzir, para passar para uma cultura de consumir o que se produz próximo, o que a verificar-se terá implicações económicas enormes, conduzindo-nos para níveis de vida bem inferiores.
Com esta calamidade a nossa economia vai sem dúvida ser fortemente afectada não excluindo a possibilidade do nosso PIB sofrer, em 2020, uma redução superior a 20%. É obvio que tal depende do tempo em que a pandemia nos obriga a menor actividade económica, mas sem dúvida que muitas empresas não vão resistir, apesar dos apoios que o Estado lhe está a disponibilizar, que nunca poderão ser muitos, porque o mesmo está altamente endividado, para além de que vai ser confrontado com uma forte redução de impostos a receber.
O povo está a habituar-se a ter que satisfazer menor número de necessidades, pelo que se porá sempre a dúvida de qual o grau de recuperação destas, o que vai levar muitas empresas a ponderar se lhes vale ou não a pena resistir, até porque nas últimas décadas, ao empresário, os nossos políticos e muitos comentadores, não lhes têm socialmente reconhecido o verdadeiro valor. Enfim, vamos viver um período em que vai ser necessário que as sociedades façam um enorme esforço de adaptação a novas realidades. (Este tema continua no próximo artigo.)

22/04/2020
 

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