Edição nº 1655 - 9 de setembro de 2020

Alfredo da Silva Correia
VAMOS OU NÃO TER UM NOVO MODO DE VIDA FACE À PANDEMIA - PREVISÕES/PREPAREMO-NOS

No âmbito destes meus escritos tive como objectivo reflectir um pouco sobre as actuais envolventes sócio económicas da humanidade, dando especial realce às do povo português.
Como não se trata mais do que uma mera reflexão, a partir da minha experiência de 81 anos de idade, que quis deixar escrita, sinto que devo agora também fazê-lo com o meu sentir de como evoluirá o modo de vida da humanidade, com especial realce para o do povo português, o que me parece agora ainda ser mais lógico, depois do surgimento da pandemia que estamos a viver.
Sobr e este aspecto a grande interrogação que se nos deve por, é de se o processo de globalização voltará ou não, ao ritmo que tinha antes da pandemia e que tempo levará para que tal aconteça. Acresce, no âmbito desta problemática que não podemos deixar de ter em conta que este processo também provocou uma maior consciencialização para os problemas vividos com as alterações climáticas que, na minha opinião este ano, até foram minimizados com a pandemia, por esta obrigar a reduzir fortemente a mobilidade.
A minha visão sobre tal é a de que a humanidade jamais aceitará retroceder, sem luta, no seu nível de vida, o que implicará tentativas sucessivas de regresso ao processo de globalização, pois foi ele que nos permitiu atingir o nível de vida que tínhamos antes do aparecimento da covid-19. De facto o nível de vida atingido deve-se à grande concentração humana, ao criarem-se muitas cidades com dezenas de milhões de habitantes e às grandes concentrações empresariais que chegam a abastecer com um produto todo o mundo, obrigando a grande mobilidade de pessoas e bens e tudo provocando as alterações climáticas vividas, que hoje se temem.
Assim penso que, apesar da pandemia que estamos a viver e da maior consciencialização que a mesma provocou para os problemas do ambiente, a humanidade vai continuar com o processo de globalização, mas passará a investir muito mais na investigação científica, a fim de que consiga manter a mobilidade e o desenvolvimento económico sem afectar o ambiente.
Sendo este um entendimento lógico é verdade que se tem de por a dúvida de se conseguirá atingir, ou não, tal objectivo num prazo tal, que permita que a revolta da natureza não afecte tais esforços e não nos faça sofrer muito, por a continuarmos a atacar poluindo entretanto o planeta.
Será um processo que vai exigir muitos esforços à humanidade, pelo que será lógico que durante o mesmo haverá baixos e altos, havendo também sempre povos que vão sofrer mais do que outros, por os respectivos governos os terem conduzido sem se preocuparem minimamente com o seu futuro e muito menos com as consequências do ataque à natureza, o que infelizmente também aconteceu com os nossos governos das últimas décadas. Tenhamos em atenção pelo menos o nosso enorme nível de endividamento.
É verdade que hoje já se dispõe de um bom desenvolvimento da técnica e da ciência que permite a produção de energias limpas, o que se pode constituir numa boa ajuda para que se dêem os passos seguintes para atingirmos a mobilidade limpa. De facto hoje as viaturas movidas a partir de energia limpa já são uma realidade, muito embora ainda se sinta que há um enorme espaço a percorrer para que elas ofereçam um desempenho mais independente dos carregamentos, como ainda há muitas dúvidas se a sua produção e depois a destruição, sobretudo das baterias, não provocam muita poluição.
Mas o maior problema que temos a resolver no âmbito desta problemática é, sem dúvida alguma, a do avião, na medida em que ele é fundamental para o processo de globalização e será nos tempos actuais um dos grandes poluidores, embora ainda poucos estejam conscientes deste facto. Há dias dei já por uma notícia que informava que foi construído um avião movido apenas por energias limpas, que terá percorrido uma distância com algum significado, muito embora transportasse apenas 10 passageiros, facto que foi dado como um grande passo na matéria em apreço. Vamos ver se os seguintes serão ou não promissores.
Não obstante, tal facto, não deixa de nos dar uma ideia do enorme percurso a percorrer nesta matéria, quando sabemos que, antes da pandemia, andavam no ar constantemente no planeta, uma média de quase um milhão de aviões, uma boa parte de grande potência, tudo a poluir fortemente, pois são movidos por grandes motores.
Pondo-se-me por fim o problema de como caracterizar as envolventes socioeconómicas do nosso planeta daqui, por exemplo a 10 anos, direi que se terá evoluído bastante em termos de técnica e ciência, o que permitirá uma mobilidade mais limpa. Não obstante, entretanto, ter-se-á vivido em termos médios pior, do que se vivia antes de a pandemia aparecer, até porque se passará por períodos em que a economia será mais local do que global.
São previsões que podem ou não dar certo, mas é interessante constatar que há vários anos tenha feito a afirmação de que passados 70 anos, Portugal voltaria a ter o mesmo número de habitantes que em 1900, que eram cerca de 5,5 milhões, obviamente sem contar com o fenómeno migratório, afirmação que mereceu então muitas dúvidas. Acontece que recentemente um organismo internacional, veio afirmar que daqui a 80 anos o nosso país terá apenas 5 milhões de habitantes. Poderemos interrogar-nos, se tal estará a acontecer apenas no nosso país, ao que respondo que é um fenómeno comum aos povos desenvolvidos, nuns mais do que noutros, embora o nosso esteja na linha da frente na matéria em apreço.
Preparemo-nos porque são alterações progressivas e profundas que vão exigir grandes esforços de adaptação a novas realidades e que não deixarão de ter consequências na qualidade de o nosso modo de vida, pois no último século, o ocorrido sobre demografia, foi sempre a do aumento da população.

09/09/2020
 

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