Edição nº 1665 - 18 de novembro de 2020

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

O ASSUNTO QUE ATRAVESSOU TODA A SEMANA política nacional, com discussões e cartas abertas de militantes, foi o do acordo entre o PSD, o segundo partido mais votado nos Açores, e o Chega, extrema direita, xenófoba, racista e fascista, que na primeira vez que foi a votos naquele arquipélago conseguiu eleger dois deputados. Ficando o PS em minoria e sem parceiro com quem casar, não se questiona o direito, que é legitimo, do PSD se propor ele mesmo tomar as rédeas da governação açoriana. Só que para isso acontecer fazem falta os tais dois deputados. E quando se julgava existir a tal linha vermelha que um partido social democrata não deveria ultrapassar, eis que sai da cartola o acordo que nasceu nos Açores mas foi burilado em Lisboa. Não foi vitória do PSD, que vai poder governar, foi claramente uma vitória do Chega que num esfregar de olhos se vê como partido a ter em conta para uma solução governativa. Com este acordo Rui Rio, quer ele o desminta ou não, está a branquear as ideias do partido de André Ventura, que aliás se apressou a agradecer. Estranhamente, Rui Rio até nem descarta a hipótese de acordo nacional se ele se apresentar a eleições de forma (ou discurso?) mais moderada. Um erro estratégico segundo muitos analistas porque esta sua atitude vai fazer crescer o Chega à custa do eleitorado do centro direita que votarão agora mais facilmente num partido que, presumem bem, até pode influenciar o governo do país, não sendo portanto apenas mais um voto de protesto, inútil… Isto é algo que tem deixado em polvorosa parte do eleitorado e merecendo fortes criticas de nomes influentes do PSD que contestam, em manifestos de individualidades ou em posições individuais, esta deriva do seu partido. Honestamente, quem acredita que um partido de extrema direita como o Chega, esteja interessado em moderar o seu programa, sabendo-se que é o radicalismo populista a base da sua força , o que atrai o seus eleitores? Julgamos que esta estratégia de Rui Rio vai-lhe trazer muitos amargos de boca. É como deixar entrar a raposa no galinheiro.

MORREU ESTA SEMANA UM HOMEM que vai deixar para sempre a marca do seu génio em Portugal. Os portugueses, como reconheceu António Costa, têm uma grande dívida de gratidão para com Gonçalo Ribeiro Teles, arquiteto paisagista, que desde há muito tempo fez entrar nas preocupações de quem governa o tema da ecologia. Através de jardins e outros espaços criou ambientes que permitem vivenciar a cidade, em particular a cidade de Lisboa de uma forma mais amigável. Criou jardins, como o jardim Gulbenkian, que não são para ser visitados, são para serem vividos, habitados. Um homem que merece ser lembrado pela bela herança que nos deixou.

18/11/2020
 

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