João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
FOI CONHECIDO ESTA SEMANA O RELATÓRIO DO CONSELHO NACIONAL DA EDUCAÇÃO que faz o retrato do Estado da Educação em 2019. Algumas boas notícias nos traz o documento, mas também alguns motivos para preocupação. É bom termos ficado a saber que foram cumpridas a maioria das metas definidas pela Comissão Europeia. O sistema de ensino português registou significativos progressos, com a taxa de abandono escolar precoce a baixar dois terços desde o início da década. Em 2019 a taxa de abandono foi de 10,6 por cento quando a Comissão Europeia tinha definido esse valor em 10 por cento, um enorme esforço que as políticas educativas de vários governos levaram a cabo se tivermos em linha de conta que tão somente em 1990 o abandono escolar atingia cerca de metade dos jovens em idade escolar. Em consonância com estes valores vimos também subir a percentagem de alunos que concluíram o ensino superior passando de 21,3% para 33,5%. E como no Programa Internacional de Avaliação de Alunos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (PISA), os alunos portugueses têm vindo a revelar melhorias na leitura, matemática e ciências, mesmo que este ano tenha havido alguma divergência em especial na matemática e que deu origem a acusações cruzadas entre os atuais responsáveis pela pasta da educação e Nuno Crato, o anterior ministro de Passos Coelho. Outros dados positivos que vale a pena referir é o que mostra já não haver diferença na empregabilidade entre os alunos que terminam o secundário através do ensino profissional e os que estão no secundário geral, assim como a verificação de que a taxa de retenção, apesar de ainda ser demasiado elevado, ela tem vindo a diminuir de forma regular e constante. Mas há outros dados que merecem reflexão. A Escola que temos perdeu no conjunto do ensino básico e secundário mais de quatrocentos mil alunos, reflexo da taxa de natalidade, uma das mais baixas da Europa. E apesar deste tão significativo decréscimo da população escolar, o sistema já se está a ver confrontado com falta de professores em muitas disciplinas. Um grupo profissional bastante envelhecido (muito preocupante sabermos que apenas 0,6 por cento tem menos de 30 anos!), com mais de metade dos atuais professores a atingirem a idade de reforma nos próximos 10 anos, é urgente os responsáveis pensarem muito seriamente no problema. Criando condições mais atrativas para a profissão e reativando muitos cursos das Escolas Superiores de Educação que desde há vários anos foram sendo esvaziadas da vocação que esteve na génese da sua criação. Porque precisamos de uma escola para o século XXI, já que, como defende Maria Emília Brederote Santos no texto introdutório do relatório, as escolas têm um papel essencial para preparar crianças, jovens e adultos para um presente inquieto e perigoso assim como para um futuro que temos de saber imaginar e construir. A terminar, como diretor deste jornal gostaria de desejar aos nossos leitores um Natal feliz, em família, dentro das regras de segurança tão importantes que nos permitam ter futuros natais, como os de um passado ainda muito recente mas que nos parecem já tão distantes.