AMBIENTE
Autarcas estão preocupados com transvase do Rio Zêzere
Os presidentes das câmaras da Sertã, Oleiros, Pedrógão Grande e Pampilhosa da Serra reuniram, dia 1 de agosto, nos Paços do Concelho da Sertã, com o secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, João Paulo Catarino, com o objetivo apresentar as suas preocupações ao governante, perante a possibilidade de construção de um túnel de transvase de água do Rio Zêzere, a partir da Barragem do Cabril, para o Rio Tejo, Barragem de Belver. Uma obra que constará do estudo de reforço da resiliência nas zonas do Médio Tejo, elaborado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e que deverá ser posto a consulta pública em setembro.
Os presidentes de câmara apresentaram sua posição em relação a vários pontos.
Assim, num contexto de alterações climáticas, sendo a água um recurso cada vez mais escasso, os autarcas afirmaram que compreendem a necessidade de uma gestão integrada dos recursos na bacia hidrográfica do Rio Tejo, com a finalidade de amenizar os problemas de falta de água com que a região se confronta.
Manifestam, no entanto, a sua preocupação relativamente à possibilidade de se construir um túnel para transvase da Albufeira do Cabril para o Rio Tejo, tendo em conta os baixos níveis de água nesta albufeira nos últimos verãos e, em especial, neste que decorre.
Por outro lado, questionaram o interesse de se construir um transvase da Albufeira do Cabril para o Rio Tejo, colocando a água apenas a 30 quilómetros a montante do lugar onde a água do Cabril já chega naturalmente ao Rio Tejo, em Constância.
Os autarcas requerem que lhes seja dado conhecimento de todo este processo, em detalhe, e das soluções técnicas que vierem a ser propostas e exigem ainda ser ouvidos na elaboração dessas soluções, bem como serem consultados na elaboração dos cadernos de encargos que vierem eventualmente a ser preparados;
Por outro lado defendem que qualquer projeto que venha a ser implementado deverá salvaguardar uma quota mínima para a Albufeira do Cabril, e outras a jusante, que permita o uso múltiplo destas albufeiras, nomeadamente, a captação de água para abastecimento das populações, a defesa contra incêndios e a utilização para fins turísticos, essencial para a economia local.
João Paulo Catarino, segundo é adiantado, concordou com a necessidade de envolver os autarcas neste processo, garantindo que a busca de soluções para o grave problema que afeta a bacia hidrográfica do Rio Tejo decorrerá com transparência e num clima de diálogo com todos os interessados.