NA BTL FOI UM DOS PRODUTOS DE EXCELÊNCIA DO CONCELHO QUE ESTEVE EM DESTAQUE
Câmara reforça aposta na valorização do Bordado de Castelo Branco
A Câmara de Castelo Branco esteve presente, entre 1 e 5 de março, na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), com um stand próprio, com a finalidade de divulgar os produtos de excelência do Concelho, com destaque para o seu ex-libris, que é o Bordado de Castelo Branco.
Para o presidente da autarquia, Leopoldo Rodrigues, a participação neste certame é importante, porque “a BTL é a mostra do turismo nacional e Castelo Branco, enquanto capital de Distrito e enquanto uma cidade e um concelho que se pretende também afirmar na área do turismo não podia deixar de estar presente num evento tão importante”.
Leopoldo Rodrigues recorda que no respeitante à presença na BTL, “temo-lo feito ao longo de muito tempo” e reforça que “temos aqui um conjunto de ofertas, tanto da área da gastronomia, como mesmo da área vitivinícola, como ainda da área da cultura, que são produtos que nos interessa afirmar, que nos interessa divulgar e que nos interessa que as pessoas conheçam, porque a partir da BTL poderemos aumentar o número de visitantes para Castelo Branco”. Assim, adianta ainda que “a nossa presença tem precisamente a ver com isso, em marcar esta presença, afirmar os nossos produtos, afirmar a nossa região e ir convidando aqueles que por aqui passam a estar presentes em Castelo Branco e a passar também por Castelo Branco”.
Bordado de Castelo
Branco: o ex-libris
Na participação deste ano o realce foi dado aos queijos, ao vinho e, claro está, ao Bordado de Castelo Branco, mediante a presença de bordadeiras a trabalhar ao vivo e uma modelo que desfilou com um vestido com Bordado de Castelo Branco. Isto, porque destaca Leopoldo Rodrigues, “o nosso objetivo é que ao longo dos cinco dias vamos destacando os diferentes produtos que nos interessa promover” e chama a atenção para o facto que, “este ano, pela primeira vez, até fizemos uma aposta nos vinhos”, o que se justifica, porque “temos vinhos de excelente qualidade no Concelho de Castelo Branco”.
Acrescenta que, deste modo, “temos a afirmação dos vinhos, enquanto o queijo faz parte de todas as presenças de Castelo Branco, seja onde for e seja em que atividades for”, para avançar que “depois temos, naturalmente, o Bordado de Castelo Branco, que é uma permanência ao longo destes dias e que nós pretendemos que se continue a afirmar” Tudo, porque, frisa, “pretendemos que o Bordado de Castelo Branco seja conhecido mas não apenas por ser conhecido” e explica que “estamos a desenvolver a candidatura às Cidades Criativas da UNESCO na área do Artesanato, mas aquilo que pretendemos é que o Bordado vá para além disso. Pretendemos colocá-lo enquanto produto de luxo e estas campanhas de divulgação, seja através da candidatura às Cidades Criativas, seja também na presença”, recordando que “já estivemos na FITUR e agora estamos na BTL”, têm como objetivo “despertar o interesse e, sobretudo, dar a conhecer e valorizar o Bordado de Castelo Branco, para que ele se continue a afirmar, mas que se afirme sobretudo como um produto económico que nós pretendemos”.
Um produto de luxo que
não pode ser vulgarizado
Leopoldo Rodrigues, questionado quanto à esperança depositada na candidatura às Cidades Criativas da UNESCO, assegura que “quando apostamos num produto vamos para ganhar”, apesar de admitir que “sabemos que há muitas cidades a concorrer. Há outras candidaturas com muito boa qualidade”, pelo que “aquilo que temos que fazer é desenvolver todos os procedimentos e todas atividades que nos permitam afirmar a nossa candidatura”. Nesta matéria garante que “até agora as coisas têm estado a correr muito bem. Acreditamos que no futuro continuaremos a fazer ações que sejam merecedoras e de destaque e que, no final, Castelo Branco possa vir a ter esse galardão. Se não tivermos, não desistimos e continuaremos a candidatar-nos até conseguirmos alcançar este objetivo”. E nesta vertente acrescenta ainda que “considerando que apenas duas cidades poderão ser consideradas e o número de candidaturas é muito, muito superior, acreditamos que temos boas possibilidades, considerando a qualidade do Bordado, a criatividade, a história, aquilo que representa para a cultura e para o património cultural, aquilo que hoje também já representa nas novas utilizações do Bordado, seja na moda, seja também na arquitetura. O Bordado de Castelo Branco é um produto que nós afirmamos, queremos afirmar e queremos continuar a valorizar”.
Leopoldo Rodrigues sublinha que o Bordado de Castelo Branco “é um produto de luxo por várias razões. Em primeiro lugar, pelos materiais que utiliza, que são o linho tradicional e também a seda, a seda natural, pois não utilizamos outro tipo de seda. Depois é o facto de estar baseado em motivos que há muito tempo fazem parte dos temas do Bordado de Castelo Branco, sendo que cada um deles tem o seu significado. Depois pela perfeição que as nossas bordadeiras imprimem ao trabalho que fazem, pelo tempo que demora a fazer e pelo criatividade e também originalidades deste bordado”.
Devido a tudo isto está convicto que “acreditamos que sim, que ele tem condições para se afirmar como um produto de luxo, como aliás já aconteceu no passado. Nos primórdios do Bordado de Castelo Branco, ou pelo menos durante muito tempo, as pessoas com mais posses é que tinham condições para ter Bordado de Castelo Branco. Sabemos também que algumas famílias, os membros de algumas famílias passavam muito tempo a fazer o Bordado de Castelo Branco, de modo a que a noiva pudesse levar no seu dote uma Colcha do Bordado de Castelo Branco. Sabemos aquilo que este produto custa no mercado. Mas não também só pelo preço, não é pelo valor que ele representa em termos monetários. É por tudo aquilo que representa o Bordado de Castelo Branco, desde os materiais até à criatividade que cada uma das peças representa”.
Museu melhora espaço
expositivo das colchas
Sempre com a finalidade de divulgar e valorizar o Bordado de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues adianta que “vamos fazer novamente o Moda Castelo Branco”.
Leopoldo Rodrigues chama no entanto a atenção para o facto que “há também uma coisa que devemos acautelar. É não vulgarizar o Bordado de Castelo Branco e essa é uma das orientações que temos dado, no sentido em que ser o produto que é, por ter o valor que tem, não o devemos vulgarizar. É óbvio que podemos fazer algumas variações. Existe a possibilidade de virmos a ter o Bordado de Castelo Branco na Vista Alegre, existem outras possibilidades”. Avança igualmente que “aquilo que já temos é muito importante e nós temos que ter também em atenção aquilo que é a rede que está criada à volta do Bordado e dos produtos relacionados com ele, desde o Museu da Seda, como temos o processo de produção da seda desde a amoreira, das folhas da amoreira, dos bichos-da-seda e depois da parte do fio de seda propriamente dito”.
O autarca, por outro lado, dá também valor “a um dos ex-libris em termos de exposição do Bordado de Castelo Branco, que são as colchas expostas no Museu Francisco Tavares Proença Júnior, para as quais também pretendemos outro tipo de dignidade”. Assim, revela, “vamos intervir ao nível do espaço expositivo, de modo a que naquele espaço, que é um espaço muito bonito, e sendo também uma referência cultural e arquitetónica do Museu, mas onde as colchas se possam realçar e se possam impor pela sua presença e não ficarem atrofiadas debaixo daquele espaço expositivo, que acaba por condicionar muito e desvalorizar um pouco aquilo que é a verdadeira essência daquela exposição, que são as colchas e o Bordado de Castelo Branco”.
Câmara e IEFP
formam bordadeiras
Confrontado com a necessidade de existirem bordadeiras que garantam a continuidade do Bordado de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues realça que “a Câmara, em parceria com o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), já estamos a lançar um curso para aprender o Bordado de Castelo Branco”, sendo que o primeiro teve início na passada sexta-feira, 3 de março, na Fábrica da Criatividade.
Para além disso, continua, “temos que tornar esta arte, ou este artesanato, que é de facto um artesanato, temos que o tornar atrativo. As pessoas têm que se sentir realizadas, em primeiro lugar profissionalmente, mas depois também têm que ter uma recompensa financeira. Ou seja, o seu trabalho tem que ser pago. Acreditamos que se este projeto que temos de divulgação e de valorização do Bordado de Castelo Branco fizer o caminho que pretendemos que venha a fazer, possamos vir a ter mais gente a interessar-se pelo Bordado, porque, no fundo, o que aqui se trata também é um pouco a lei da oferta e da procura. Se tivermos mais gente a querer comprar Bordado de Castelo Branco, haverá mais gente interessada em fazê-lo, sendo que, e não podemos esquecer isso, que a aprendizagem, a formação e a formação muito focada naquilo que são as aprendizagens e o saber já muito antigo das bordadeiras é importante para que se faça esta passagem, esta transição, e se faça uma formação em continuidade também de forma prática”.
Relembre-se, também, que um dos passos importantes no que respeita ao Bordado de Castelo Branco foi dado com a sua certificação, que “é fundamental, porque é ele que credibiliza também o que se relaciona com o Bordado de Castelo Branco. Nós sabemos que hoje um pouco por todo o lado e um pouco também em muitas áreas do artesanato e também na arte existem falsificações e a certificação é uma forma de nós certificarmos que aquela é uma peça original, é uma peça que obedece a um caderno de especificações que valorizam e ao mesmo tempo certificam, de forma concreta e objetiva o Bordado de Castelo Branco”.
Como a certificação do Bordado de Castelo Branco é relativamente recente, a questão que se coloca é a da possibilidade de certificar artigos com o Bordado de Castelo Branco como, por exemplo, as Colchas de Bordado de Castelo Branco, algumas com centenas de anos. Uma questão à qual Leopoldo Rodrigues não esconde que “não sei responder”, pelo que “termos que analisar, junto da entidade certificadora e também junto das pessoas que estão mais diretamente a trabalhar com isso, mas é uma pergunta interessante”.
António Tavares