Edição nº 1787 - 5 de abril de 2023

PREVENÇÃO É UM FATOR MUITO IMPORTANTE
ULSCB regista mais de 200 casos de AVC por ano

A Unidade Local de Saúde de Castelo Branco (ULSCB) regista, anualmente, mais de 200 casos de acidente vascular cerebral (AVC), como adianta a diretora clínica, Eugénia André, que considera que este “é um número elevado”.
A afirmação foi proferida na passada sexta-feira, 31 de março, dia em que no âmbito do Dia Nacional do Doente com AVC a ULSCB realizou, na entrada do Hospital Amato Lusitano (HAL) de Castelo Branco, rastreios gratuitos de avaliação de risco de AVC.
Rastreios que Eugénia André considera importantes, pelo que depois de recordar que no ano passado não foram realizados, pois “fizemos mais uma informação com vídeos e outras coisas”, realça que “este ano decidimos envolver os alunos e os internos, tanto os alunos da Faculdade de Medicina, como os alunos de enfermagem”, ou seja a Universidade da Beira Interior (UBI) da Covilhã e a Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias (ESALD) de Castelo Branco, do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB). Tudo, porque, “há que fazer passar uma mensagem: se os doentes não prevenirem, alguns nunca saberão efetivamente que são doentes”.
Eugénia André sublinha que “os rastreios são importantes para aqueles que já sabem que têm tensão arterial alta, que têm diabetes”, mas, continua “há também aqueles que podem ter alguns valores que os vão surpreender e, obviamente, vão ficar alerta para irem ao seu médico de família, ou ao médico que os costuma seguir”.
Para a diretora clínica o que se pretende nos rastreios é “mostrar o que é o AVC e as situações que estão relacionadas com ele, portanto, os fatores de risco”, para considerar que “se tivéssemos rastreios mais maciços, conseguíamos provavelmente diminuir depois o número de AVC, porque as pessoas ficam mais informadas”. É que, realça, “a literacia nesta área parece ser muita”. Além de que “há sempre pequenos nadas que o cidadão comum pode ter duvida e quando faz o rastreio nós vamos também ter o fator de informação. Por isso temos os panfletos e temos isto dividido. Os enfermeiros fazem, no fundo, os rastreios, no âmbito das picadas, das tensões arteriais, e falam sobre isso. Depois temos os alunos de Medicina e os internos a dar os folhetos e a explicar o que é que devem ler, o que é que não devem fazer, como é que deve ser o seu dia a dia”.
Perante isto Eugénia André afirma que “as pessoas, se fizermos esse tipo de conversa, elas fazem-nos outro tipo de perguntas e, portanto, vão ficando devidamente mais informadas”.
Uma vertente que considera vital, porque, “na realidade, na nossa área de influência da ULSCB, apesar dos esforços, mesmo dos Cuidados de Saúde Primários, que também têm feito rastreios, e têm feito muita informação, ao longo dos anos o número de AVC, por ano, não tem baixado significativamente, anda sempre superior a 200, que é um número elevado”. Eugénia André frisa que “se pode dizer que, aqui, os doentes são mais idosos, portanto têm maior risco. Pois, isso é verdade, a questão é que quanto mais idosos são e mais riscos têm, a dependência e como irão ficar depois do AVC é má”. Por isso, sublinha, “costumo dizer que temos mesmo que prevenir”.
Eugénia André afirma que “depois de já termos o AVC e estarmos de facto com um défice marcado, apesar da fisioterapia, que é importantíssima, até irem para redes de cuidados continuados, para fazerem Medicina Física e reabilitação intensiva o indivíduo acaba sempre por poder ficar com défices significativos”. Focada nesta área destaca que no respeitante a sequelas “há de facto uma melhoria ao longo dos anos, porque a Medicina de Reabilitação começa-se muito precocemente e, aqui, na ULSCB, ao segundo dia de internamento, salvo raras exceções, os doentes começam a fazer logo fisioterapia”. Isto, para reforçar que “sim, tem havido uma melhoria, uma vez que os doentes acabam por, ao fim de três meses, terem o que se diz um ranking mais estável e às vezes até inferior a três, o que é muito bom. Mas há sempre aqueles que podem ficar acamados, aqueles que podem ficar com dependência e, por isso, é passar a mensagem que os AVC são uma doença que mata e mata em Portugal com uma percentagem grande e é uma doença que pode ser prevenida”.
E, aí, surge a área da prevenção, sendo que “começa-se aos 20, 30 anos a prevenir e começa-se com os hábitos de vida”, apesar de “haver sempre aqueles que ou geneticamente, ou por outra situação, que vão ter um AVC, evidentemente. Mas a mensagem é prevenir. Quanto mais a população souber o que é o rastreio, quais as modificações de vida que devem fazer para não ter um AVC, vai permitir baixar este flagelo, que acaba por estar muito ligado há hipertensão e à diabetes, que também não baixam na realidade em Portugal. O que importa é as pessoas perceberem que podem ser prevenidos”. Para isso defende que há que “fazer literacia com muita paciência e muita dedicação aos utentes, até porque há sempre aqueles utentes muito renitentes. Uma pessoa explica-lhes uma vez, duas ou três, e dizem sim, mas acham que só acontece aos outros”.
Na mesma linha, Mafalda Babo, que é interna no HAL, afirma que “os doentes têm que estar alerta para os sinais de um possível AVC. Têm que estar sensibilizados para, por exemplo, alterações da força, alterações de sensibilidade, dificuldade em falar, alterações da visão, alterações do estado de consciência. Mesmo, por exemplo, às vezes sentirem algumas tonturas. Tudo o que não for muito normal, deve alertar os nossos doentes, principalmente aqueles que já sabem que têm fatores de risco, para podem estar perante um possível AVC. E é preciso atuar rapidamente nesses casos”.
Assim, avança que “o recurso a uma unidade de saúde o mais rápido possível é importante e determinante para a recuperação”, uma vez que “mediante o tempo que demora a chegar a uma unidade de saúde, os tratamentos que temos para oferecer são diferentes. Além disso, o tempo implica que há perda de tecido cerebral, que não é reversível muitas vezes. Portanto, se tivermos uma atuação rápida podemos ter casos em que as pessoas ficam efetivamente sem défices a longo prazo”.
Mafalda Babo afirma que “a taxa de recuperação (de um AVC) é muito variável, precisamente por causa do tempo que as pessoas demoram a chegar a uma unidade de saúde” e realça que “mesmo existindo uma atuação muito rápida, quer da parte do utente, quer da parte dos bombeiros e da equipa médica, às vezes ainda é necessário existirem alguns cuidados continuados com fisioterapia, para haver recuperação total, mas isso é possível”.
Quanto à ideia que os AVC afetam mais pessoas idosos, Mafalda Babo, alerta que “hoje já não é tanto assim” e avançar que “talvez pelas alterações dos estilos de vida que temos hoje em dia, o AVC pode acontecer em qualquer idade. Existem algumas alterações que as pessoas já têm e que predispõem a esses eventos, nomeadamente ter colesterol elevado, hipertensão arterial, diabetes descontrolada, ser fumador, ingerir muitas bebidas alcoólicas. Portanto, tudo o que não seja um estilo de vida saudável predispõe a termos um AVC. Não é uma doença dos idosos, infelizmente é uma doença para todos”.
Face a tudo isto, Mafalda Babo alerta que “a alimentação é um fator de risco elevadíssimo, pelo que temos que ter muita atenção a tentar não ter uma alimentação com muitas gorduras, tentar reduzir os açúcares que consumimos, beber sempre água, não ter sal na confeção dos nossos alimentos. Tudo isso é a base de qualquer tratamento para um AVC e de prevenção, claro”.
António Tavares

05/04/2023
 

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