António Tavares
Editorial
As preocupações relacionadas com ambiente são uma preocupação mais que justificada como resultado das alterações climáticas, que são uma realidade que, no futuro, podem colocar em causa a sobrevivência do ser humano. Tal como é uma verdade incontornável que os veículos equipados com motor de combustão, a par de outras situações, como a indústria, entre outros, dão um contributo importante para a poluição e, consequentemente, para essas alterações climáticas.
Mas, mesmo em defesa do ambiente, é necessário ter o discernimento para que num mundo capitalistas tal sirva de base para interesses económicos.
Vem tudo isto a propósito de uma proposta da Comissão Europeia, que ainda não foi aprovada pelo Parlamento Europeu, que tendo como objetivo a redução das emissões poluentes nos transportes, pretende que carros com mais de 15 anos sejam reparados, com a finalidade de incentivar a compra de veículos menos poluentes.
Ou seja, se a proposta for aprovada, carros com mais de 15 anos que tenham avarias no motor, na caixa de velocidades, nos travões, na direção, no chassis ou na carroçaria, pura e simplesmente serão encaminhados para abate. Sim, se um veículo com mais de 15 anos necessitar de reparação ou substituição de qualquer um desses componentes, ela será proibida.
A medida até é possível nalguns países mais desenvolvidos, mas para casos como o de Portugal é fácil de perceber que tal não passa de uma ilusão. No nosso país, os números não mentem, uma em cada quatro viaturas tem mais de 20 anos, sendo que a idade média é de 13 anos. Ou seja, com essa medida, Portugal, mas também outros países, passariam, certamente, a andar a pé.