Edição nº 1849 - 19 de junho de 2024

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

O LUGAR DA AZINHEIRA, junto da aldeia de Benquerenças este sábado, 22 de junho, entre as 17h e as 21h, vai ser o cenário da apresentação dos trabalhos desenvolvidos no âmbito do Estado Ativo que se apresenta como um projeto interdisciplinar de criação artística, que reuniu artistas, ensaístas, académicos e entidades da sociedade civil para refletir sobre diversos temas estruturantes da Democracia, como Economia, Justiça, Ambiente, Sociedade, Educação e Urbanismo e, juntamente com a comunidade, cocriar objetos artísticos participativos. Sob o mote Como vamos viver juntos?, serão apresentados os objetos artísticos desenvolvidos pelos participantes ao longo da execução do projeto, desde poemas, a músicas, performances, pinturas e leituras encenadas, numa intervenção ecoartística participativa, com o propósito ficcionado de instalar uma nova democracia e celebrar a aldeia da Azinheira como estado utópico independente. Uma bela forma de festejar os 50 anos do 25 de Abril.
A Azinheira foi tema de capa e reportagem na Gazeta do Interior em fevereiro de 1989. Com a orientação do professor Batista, natural da terra, descobriu uma aldeia às portas de Castelo Branco, agonizante por falta de eletricidade e água canalizada. E logo o trabalho foi destaque na SIC que, por mais de uma vez, fez reportagem da aldeia. E pensar que bastariam então mil contos para a luz e outro tanto para as canalizações da água... E que a comissão, escolhida entre os 18 moradores, nem sequer nunca conseguiu ser recebida pelo Presidente da Câmara da época... Eles nunca vão ligar cá à gente, ditava o pessimismo (ou realismo?) do “Perfeito” que ali apascentava o seu rebanho. Mas o ti João e a ti Lopes, na sabedoria dos seus 80 e tais anos, ainda acreditavam que os moradores de então haveriam de morrer e a Azinheira haveria de continuar. E que a galinha que matavam não teria de ser comida no próprio dia...
O final da história todos a conhecemos: sem os “luxos” da civilização, os moradores foram morrendo ou mudaram para a sede de freguesia, mesmo ali ao lado, ou para a cidade. E a Azinheira que até chegou a ser cenário do programa da SIC, Cenas de um Casamento, acabou por morrer, as silvas foram ocupando as casas vazias e muitas acabaram por cair. A notoriedade que lhe deu a comunicação social e a localização privilegiada, fez levantar algum interesse no lançamento de projetos de turismo rural, a maioria das casas já mudou de dono por mais de uma vez, há projeto aprovado de um reputado arquiteto albicastrense, toda a aldeia foi considerada de interesse municipal. Creio que atualmente está a ser comercializada pela PortugalRur a um preço acessível de 750 mil euros. Mas continuamos no reino da utopia, e como aponta o projeto Estado Ativo, este será o momento ou a oportunidade de celebrar a Azinheira como estado utópico independente?

19/06/2024
 

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