EM ALPEDRINHA, NO FESTIVAL CAMINHOS DA TRANSUMÂNCIA
Alma Azul realiza várias atividades
A Alma Azul, no âmbito do Festival dos Caminhos de Transumância Chocalhos 2024, que se realiza em Alpedrinha, promove, no próximo sábado, 14 de setembro, duas atividades, a par das quais, no sábado e domingo, 14 e 15 de setembro, apresenta, no Palácio do Picadeiro, uma mostra de livros que acompanham alguns registos da transumância, com destaque para a Etnografia da Beira, de Jaime Lopes Dias, numa edição fac-simile, da Câmara de Idanha-a-Nova, realizada nas oficinas gráficas do Jornal do Fundão, em 1990.
No próximo sábado, 14 de setembro, a partir das 11h30, no Palácio do Picadeiro, realiza-se uma oficina de leitura, dedicada a Maria Gabriela Llansol.
Na Casa de julho e agosto em Alpedrinha – Maria Gabriela Llansol e a Metáfora do Tempo é um trabalho que se pretende comunitário e de aproximação à obra da autora de O Livro das Comunidades, que residiu em Alpedrinha, nas férias grandes, em casa dos avós paternos, criando na futura escritora ideias e reflexões que serão mais tarde relevantes na sua escrita.
Aliar a Gardunha, em especial a vila de Alpedrinha, ao percurso singular da autora da trilogia de A Geografia dos Rebeldes é a pretensão da Oficina Alma Azul que, desde 2009, durante o primeiro Festival de Língua Portuguesa – A Língua Toda, tem dedicado parte do seu trabalho à dinamização da leitura de Maria Gabriela Llansol, e ao caminho que se abre perante uma escrita toda ela rebelde em relação ao realismo praticado na literatura portuguesa do seu tempo.
Uma escrita sem género, e que cria uma nova corrente de pensamento em relação à natureza, eliminando fronteiras entre o vegetal e o animal, mas também juntando uma comunidade: a que escreve e a que lê.
Permite ainda, no resultado do trabalho da Alma Azul, uma nova abordagem do papel das bibliotecas como lugares de encontros sem cronologia.
“Eu não fiz senão correr através do mundo, e assumi, como pude, a minha condição animal. Começou a vibrar um grande arco em que espalhei a justiça e a desordem”, escreve em O Encontro Inesperado do Diverso.
Maria Gabriela Llansol Nunes da Cunha Rodrigues nasceu em Lisboa a 24 de novembro de 1931 e faleceu em março de 2008, depois de viver largos anos na Bélgica, onde criou o projeto da Escola da Rua Namur que apresenta e explica em O Livro das Comunidades.
A participação na Oficina de Leitura (e um exercício de escrita) Na Casa de julho e agosto em Alpedrinha - Maria Gabriela Llansol e a Metáfora do Tempo é gratuita, mas a inscrição é obrigatória até à próxima quinta-feira, 12 de setembro, através do correio eletrónico da Alma Azul.
Já a partir das 14h30, também, no Palácio do Picadeiro, terá lugar uma leitura informal e partilhada.
Depois da leitura partilhada de 25 Poemas de O Guardador de Rebanhos, pontuada por sons da transumância, haverá um leilão de livros esgotados, entre eles, Lendas da Beira, de Maria Antonieta Garcia; a primeira edição de Moinhos da Baságueda, de Lopes Marcelo; ou Pelourinhos do Distrito de Castelo Branco, de Júlio Rocha e Sousa; entre outras publicações fora do mercado.
Podem participar na Leitura informal e comunitária todos os interessados em contribuir e ampliar a Comunidade de Leitores de Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa.
Para isso, só é necessária a presença dos interessados, perto das 14h30 horas no Palácio do Picadeiro, onde se encontra instalada a Mostra de Livros em Alpedrinha - Território Literário Alma Azul.
Recorde-se que a Alma Azul publicou O Guardador de Rebanhos, em 2018, numa edição ecológica, totalmente em papel reciclado, incluindo a capa, e sem qualquer plastificação, que se encontra já esgotada.
A leitura proposta pretende celebrar essa edição e o quarto de século de trabalho na promoção e divulgação da poesia em territórios literários que a Alma Azul foi selecionando.
A Alma Azul recorda que “Alpedrinha foi a primeira das freguesias associadas ao que designamos de Território Literário Alma Azul, que a produtora de atividades literárias, sediada em Alcains, promove e usa como palco dos seus programas culturais. Na freguesia do Concelho do Fundão, destacamos o trabalho realizado com uma comunidade de leitores; a leitura e apresentação de Lendas da Serra da Gardunha, no espaço Casas de Alpedrinha, que contou com a presença do investigador da Serra da Gardunha, Albano Mendes de Matos; e outras leituras espontâneas de autores de referência; além de acolher a Romaria do Anjo da Guarda de Alpedrinha no conjunto de Lendas e Romarias – Narrativas com Identidade, em 2022”.