António Tavares
Editorial
A idade de reforma em Portugal não para de subir a um ritmo alucinante. Se até ao final deste ano essa idade está nos 66 anos e quatro meses, no próximo dará um salto para os 66 anos e sete meses, ou seja, mais três meses. Isto, enquanto em 2026 dará mais um salto de dois meses, ao subir para os 66 anos e nove meses.
De registar, também, que no próximo ano o corte nas pensões antecipadas será de 16,9 por cento, quando este ano é de 15,8 por cento. A isto há ainda a acrescentar uma penalização de 0,5 por cento por cada mês que falta para a reforma, caso se trate de uma saída voluntária.
Ou seja, cada vez a reforma chega cada vez mais tarde, o que resulta do aumento da esperança média de vida. Mas se é verdade que cada vez se vive até mais tarde, também não deixa de ser verdade que a qualidade de vida é menor, quer seja pelos problemas de saúde relacionados com idade, quer pelos baixos valores das reformas, entre outros.
Resumindo e concluindo, para quem consegue atingir a idade de reforma, na maioria dos casos será pouca a vitalidade para gozar algum descanso depois de uma longa vida de trabalho.
Tudo isto conduz a uma conclusão mais que óbvia. Portugal não é um país para velhos. Mas, pior, é que também não é um país para crianças e jovens, que têm poucas perspetivas de futuro. Para os mais novos o recurso é a emigração, enquanto para os mais velhos é a sobrevivência.
É este o fado português.