27 novembro 2013

Desassossego - José Lagiosa
Violência

Reunião na Aula Magna em defesa da Constituição e do Estado Social, manifestação dos diversos corpos de polícia junto do Parlamento, incluindo as escadarias, protestos dos militares em todos os quartéis do País, estes são só alguns dos últimos acontecimentos que marcaram os protestos contra o Orçamento do Estado para 2014, a austeridade e todo o clima que se tem vindo a acentuar contra as decisões do Tribunal Constitucional, incluindo as pressões exercidas perante as decisões que terá de tomar num futuro próximo.
Muito se disse, muito ainda será dito. Num e noutro sentido. A favor e contra as iniciativas e do que de lá se disse e passou.
Importa agora refletir, sobre a legitimidade das iniciativas, do seu conteúdo e da validade das mesmas. Em de- mocracia, só o silêncio, sob a forma que for, é que é inimigo da liberdade. Liberdade que demorámos 48 anos a reconquistar e democracia que, para o bem e para o mal, viemos a construir até há cinco anos, altura em que com a crise financeira despoletada nos Estados Unidos, em 2008, tem vindo a conhecer retrocessos, alguns perigosos, ao ponto de manifestações cívicas, legítimas e democráticas como as atrás referidas, serem apontadas como sendo contrárias aos interesses da democracia, da austeridade, e do tão propagado interesse nacional.
Quem pode afirmar que o que se passou, e com os protagonistas que teve, a conferência da passada quinta-feira, na Aula Magna, em Lisboa, não foi uma manifestação democrática, legítima e dignificante da própria democracia? Democracia e liberdade não são compatíveis com silêncio. Bem sei que esse silêncio dava muito jeito, aos arautos do interesse nacional, mesmo àqueles que alguns anos atrás defendiam a “suspensão da democracia por seis meses”, mas que hoje estão na primeira linha dos ataques aos caminhos que o País está a seguir. O interesse nacional é verdadeiramente aquele que defende a democracia, a liberdade, e as alternativas à subjugação aos interesses financeiros, sejam eles interpretados por quem quer que seja, ou em nome de interesses ideológicos que não foram sufragados e legitimados em eleições. Em nome do interesse nacional, e em última instância, a violência poderá ter legitimidade, se for esse o último caminho para devolver Portugal novamente aos portugueses.

27/11/2013
 

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