31 Julho 2013

Cesaltina Gilo
Castelo e Barrocais

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É uma vivência de alguém naquela terra onde os raios de sol vêm suavemente acariciar o rosto em magnífico arrebol e continuam espraiando luz, mensageira de grandeza, pois que arrasta outras luminosidades, perspectivando-as mais além.

Dessa luz recebemos a magia do amor com a lembrança do «quando eu era pequenina»… Mal abria os olhos para te ver, a ti, luz emanada do próprio Amor. Naquela terra dos 5000-6000 anos A.C., muito o tempo levou e muito o tempo deixou para apreciação dos vindouros de então, que serão também os “bárbaros” do amanhã, pese embora a extraordinária evolução das redes sociais.
Castelos e muralhas conjugam-se com barrocais, enormes blocos graníticos com veredas e socalcos labirínticos, denunciando povoados, parte em ruínas, parte destruídos pelos humanos. Enormes rochas orientadas sob um impulso dinâmico sugerem-me figuras inclinadas olhando céu e terra perdida para além da linha do horizonte… Onde vamos?
Chamo os medos e respondem-me através de lendas e mistérios; interrogo terras de Espanha e respondem-me carabineiros e contrabandistas a quem o mundo chama e de pele arrepiada, um brilho arrebatado nos olhos inflamados, são arrastados para os barrocais até que ficam isolados pelos penedos onde vão esconder as cargas de contrabando para fugirem aos olhos das autoridades. Espírito de aventura pela sobrevivência que irá redundar no espírito do medo. Existe um certo desassossego até terminar a libertação das cargas pois que arriscaram os últimos escudos guardados num canto de um arcaz. É um medo, este diferente, cansado de problemas económicos, subjacentes a problemas sociais e até políticos. Grassava em Espanha a guerra civil de 1936 a 1939, que antecedeu a segunda guerra mundial. Muitos refugiados procuravam abrigo em Monsanto.
Será que anos passados o Portugal democrático de hoje é ainda uma sociedade de medos? Segundo José Gil, «na sociedade portuguesa actual, o medo, a reverência, o respeito temeroso, a passividade perante as instituições e os homens supostos deterem e dispensarem o poder-saber não foram ainda quebrados por novas forças de expressão da liberdade».
Será que tal passividade continua proliferando também nos poderes locais como nas autoridades do concelho de Idanha-a-Nova que tão facilmente anuíram à colocação das recentes antenas naquela parte da encosta do castelo? Terá dado aso a polémicas instaladas. Mais outro sacrilégio a juntar à «morada catita», como disse Fernando Namora. Fica situada ao lado da Torre de Lucano. Mais um engolir da soberba paisagem.
Monsanto tem História, tem realidade, tem magia, tem perspectiva cuja força dinâmica da preservação depende sempre de interlocutores.
Parece que tudo o que acontece se acha justificado. É na evolução do espírito que se unem sujeito e objecto, teoria e prática, universal e singular até ao desenvolvimento de uma etapa atrás da outra.

 

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