CARTA ABERTA AOS NOSSOS DEPUTADOS
“Portagens nas ex-Scut: mobilidade rima com inactividade”
Do mapa do chamado “Interior”, composto por 165 municípios (do total de 308), destacam-se os 21 concelhos correspondentes às CIM Beiras e Serra da Estrela e Beira Baixa.
Sobre a Beira Interior, que corresponde grosso modo a estes concelhos, abateu-se em finais de 2011 o mais penoso custo de contexto de que há memória: as portagens, em vias que tinham sido construídas para combater precisamente as assimetrias litoral-interior, estimulando a coesão territorial.
As SCUT A23 e A25 que constituem a 2ª circular do eixo viário Viseu – Guarda – Covilhã – Fundão – Castelo Branco tornaram-se também as mais caras do país e assim continuam em contraponto com as mais baratas: Lisboa – Cascais!
Sem alternativas, também para quem entra por Vilar Formoso, com mais sinistralidade por se circular em vias secundárias, com maior poluição de proximidade, com deslocalização de empresas para o litoral, tudo foi devidamente explicado aos grupos parlamentares da AR ainda no início de 2011, suportado por um estudo encomendado pela ESI.
Passados estes anos, o futuro da Beira Interior e da sua competitividade está nas mãos dos nossos deputados, dado deterem essa prerrogativa em sede de discussão na especialidade do Orçamento Geral do Estado para 2021.
Neste curto período o governo terá mesmo que admitir que as portagens são a Pandemia da Beira Interior!
Não basta falar à boca cheia de mobilidade porque afinal ficamos a saber que o Plano de Recuperação e Resiliência entregue em Bruxelas dedica a Lisboa e ao Porto a maior fatia das subvenções com a expansão dos metros respectivos, autocarros rápidos, novas vias, etc.
Ficamos também a saber que o Interior vai receber migalhas no que se encontra previsto no Plano para infraestruturas, transportes e mobilidade 2030.
Foi também exemplar destacar-se o objectivo da mobilidade transfronteiriça na recente cimeira Luso – Espanhola na Guarda, quando basta atravessar a fronteira para entrar numa AUTOVIA, por sinal bem construída, mas gratuita!
No pomposo documento final lá está como Eixo de Intervenção… “3.1 Mobilidade, Segurança e eliminação dos custos de contexto”, para, mais à frente a acção mais importante ser o “Combate à fraude nas rodovias”. Tudo dito!
Mas, mobilidade rima infelizmente com inactividade: é indecoroso manter esta prática anti-competitiva por mais tempo e o momento deve ser de indignação constante naquilo que a Sociedade Civil tem feito através das acções conduzidas pela Plataforma P’la reposição das SCUT.
Só se manterá o actual quadro da falta de mobilidade se não se quebrar em definitivo a inactividade dos grupos parlamentares em apoiar uma proposta comum de redução para 2021 que leve à abolição, ainda na actual legislatura. Um sinal singelo, mas positivo, seria no mínimo consensualizar uma proposta de redução de 50% a partir de 2021, automático e universal para as classes 1 e 2.
Senhores deputados: o futuro da Beira Interior está nas vossas mãos!
Luís Veiga (empresário membro fundador da ESI-Empresários p’la Subsistência do Interior; membro fundador da Plataforma P’la Reposição das SCUT)