GOVERNO ANUNCIA CANCELAMENTO DA CONSTRUÇÃO DA BARRAGEM DO ALVITO
Castelo Branco e Vila Velha de Ródão insatisfeitos com a decisão
O Governo anunciou, segunda-feira, o cancelamento da construção da Barragem do Alvito e os autarcas de Castelo Branco e de Vila Velha de Ródão reagiram, manifestando a sua insatisfação com a decisão.
O presidente da Câmara de Castelo Branco, Luís Correia, explicou que a EDP não quer fazer a Barragem e que inclusivamente, prescindiu das contrapartidas que teve que avançar na altura da assinatura do contrato.
O autarca considerou ainda que o anúncio do cancelamento da construção da Barragem do Alvito, que abrange os concelhos de Castelo branco e de Vila Velha de Ródão, tem de “positivo”, pelo menos o facto de terem sido informados sobre esta “dura realidade”.
“Pelo menos, tivemos as devidas explicações de quais são as intenções e percebido que a EDP, empresa concessionária, não quer fazer a Barragem do Alvito, prescindindo mesmo assim das contrapartidas que teve que avançar quando assinou o contrato”, afirmou.
A suspensão da construção da Barragem do Alvito tinha sido decidida pelo anterior Governo PSD/CDS-PP mas, foi agora cancelada pelo Governo do PS.
O início das obras da Barragem do Alvito, um empreendimento desejado na região há cerca de 60 anos, estiveram anunciadas para começar em meados de 2011, sendo que esta iria produzir anualmente 400 gigawatts hora (GWh) de energia renovável, aproximadamente o dobro do consumo anual dos concelhos de Castelo Branco e Vila Velha de Ródão.
O investimento previsto ascendia aos 360 milhões de euros e era expectável que fossem criados mil postos de trabalho diretos e entre 2.500 a 3.000 indiretos.
Luís Correia sublinhou que há o compromisso de “vir a haver algo (compensatório) entre a concessionária e os municípios onde a Barragem ia ser implementada”.
“Nós, autarcas, não estamos satisfeitos com esta intenção, mas é preciso fazer uma análise em concreto, de tudo isto, e saber que desde 2011, esta realidade fez caminho e é definitivamente agora assumida”, sustentou.
Contudo, o autarca considerou lamentável o facto de se ter andado “tanto tempo” com este assunto, cuja decisão “já tem tempo”.
“Todos sabemos o que se passou e andamos de certa forma, algo ainda esperançados mas também iludidos sobre esta realidade”, concluiu.
Câmara de Ródão
fala em “revés”
Já o presidente da Câmara de Vila Velha de Ródão, Luís Pereira, considerou o cancelamento da construção da Barragem um “revés” na expectativa do investimento público na Região.
“Esta decisão é um revés na expectativa do investimento público na Região. Esperemos que sejam equacionados um conjunto de investimentos para compensar a Região desta decisão”, disse.
O autarca explicou que não foi totalmente apanhado de surpresa, uma vez que era uma decisão que já há alguns anos que andava a ser ventilada.
Contudo, adiantou que foi confrontado com um processo fechado que deveria ter sido feito em diálogo com as autarquias e todos os envolvidos.
“Ao gorar-se esta expectativa têm que ser equacionados investimentos públicos que de alguma forma compensem esta decisão, porque o investimento público neste território é fundamental para assegurar a coesão e a dinâmica económica”, disse.
Luís Pereira sublinhou que se está a falar de um território “com enormes constrangimentos” e adiantou que a decisão governamental “é um revés nas expectativas que existiam” desde 2008.
Carlos Castela