Preservar a memória
Monárquicos recordam Tinalhas de há 200 anos
O Movimento Monárquico de Castelo Branco, com o apoio da Junta de Freguesia de Tinalhas, organizou, sábado, nessa localidade uma palestra subordinada ao tema Como era Tinalhas há 200 anos, que teve como orador José Teodoro Prata.
No início da sessão foi referido que durante a Idade Média havia só uma paróquia, sabendo-se pelo documento Usos e costumes da Igreja Matriz de São Vicente da Beira, de 1708, onde é referida a existência, no reinado de D. João II, Século XV, das igrejas de S. Vicente, Tinalhas e Póvoa. Na Igreja de Tinalhas o púlpito é Manuelino e o pórtico da entrada, ambos do Século XVI, mas a Igreja já existiria no século anterior, com o orago de Nossa Senhora da Assunção.
Nas Memórias Paroquiais de 1758, é referido que o pároco é cura apresentado alternativamente pelo armeiro-mor e o reverendo vigário de São Vicente da Beira, auferia de renda 42,5 alqueires de trigo, cinco almudes de vinho e oito mil réis.
As ermidas de S. Sebastião, S. Pedro, Senhor do Miradouro e S. Jorge são administradas por João Antunes Ramalho e pelo povo e não pelo pároco.
Em relação à justiça, em 1764 foi descrito o modo de eleição de juízes para o Concelho e procuradores. Nas eleições para juízes pedâneos, isto é, que exerciam as funções em pé, cerca de 60 votavam uns nos outros, sendo eleitos seis elegedores para o ano seguinte.
Na sua organização militar, Tinalhas formava uma Capitania de Ordenança. Havia, em caso de guerra, exército de primeira linha criado após a Restauração de 1640, que era enviado para a Fortaleza de Al- meida, do Regimento de Cavalaria. Por outro lado, existia o exército de segunda linha em Castelo Branco. Para haver montadas suficientes para o exército, os mais ricos eram obrigados a ter criação de cavalos e éguas (cavalo obrigado e égua obrigada), podendo os criadores apascentá-los nas ervagens concelhias. As terras de ervagem eram cultivadas de três em três anos e alugadas aos seareiros, tendo estes a possibilidade de as alugar a famílias que não cultivavam os seus terrenos. Tinalhas era a povoação que criava o maior número de bovinos no Concelho: 40 criadores e 221 cabeças em 1775.
Na indústria, havia 14 tecedeiras (linho) e três tecelões para a lã, seis moleiros e duas atafonas (sumagre). A população registada em 1758 era de 551-514, 1779 – 509, 1801 – 607 e 1878 – 768.
Impostos havia três: a décima, criada em 1641, foi um imposto régio para custear a Guerra da Restauração; o de capitais incidente nos empréstimos de dinheiro a juros; e o Real d’Água, que era o imposto sobre o vinho e a carne, que teve origem em Espanha, antes de 1640.
Foram feitos relatos das diferentes profissões, bem como de quantas casas térreas e casas com altos e baixos havia.
Quando ocorreram as invasões francesas, o rei antes de se exilar, deu ordens para que as populações cooperassem com os invasores, fornecendo alimentos e lenha para cozer o pão, havendo registos dos diferentes alimentos e quantidades que cada povoação dava.
Mais tarde foi a vez de as populações serem chamadas a servir o exército português e inglês no período 1809–1812. Tinalhas contribuiu com 25 lavradores que somaram 819 dias de fornecimento. Os carreiros eram filas de carros de bois muito longas que levavam os produtos, cumprindo ordens do Quartel General de Abrantes.
Em 1804, o coronel August du Fay estudou as condições de defesa da Beira Alta e da Beira Baixa, em caso de invasão estrangeira. Indicou as comunicações mais importantes paras a defesa da Beira Baixa: Estrada da Serra das Talhadas à Ponte de Santiago, no Ocreza, por Sarzedas, Chão de Vã e Freixial, Tinalhas…
No dia 4 de novembro de 1810, uma coluna militar francesa pernoitou em Tinalhas, vinda de Sobreira Formosa, onde pernoitou na noite anterior. No dia 27 de novembro de 1810 a coluna do general Gardenne pernoitou no Salgueiro, após atravessar a vau as ribeiras do Alvito e do Tripeiro, plenas de águas. No dia 28 passou por Tinalhas e pernoitou na Atalaia.