Joaquim Martins
A (des)União Europeia e a Europa
A (des)União Europeia e a Europa – Os resultados do referendo inglês continuam a marcar a agenda da União Europeia e a baralhar “os espíritos” de toda a Europa. E do resto do Mundo! Até da Inglaterra e dos seus líderes. Que valorizaram os seus valores democráticos permitindo que o povo se pronunciasse. E o povo, contrariando as sondagens, escolheu abandonar a União Europeia. E qual a reação dos líderes que se bateram por um ou outro campo? A demissão de Cameron aceita-se. Fez uma jogada a pensar na sua sobrevivência e perdeu. Mas o que pensar da desistência do vencedor Boris Johnson? E da demissão de Nigel Faraje? E da contestação a Corbyn? E da interpretação do Artigo 50 do Tratado de Lisboa? As reações dos líderes da União Europeia não são menos estranhas. Qual a justificação para a reunião dos países fundadores, a convite do chefe da diplomacia alemã? Segredos iniciáticos? Vergonha? Como entender a agressividade de Juncker? E o tom da reunião a 27? Azedumes e vingança? Sanções à Inglaterra, já? E porque motivo voltaram à ribalta as sanções à Espanha e Portugal? Que sinais querem transmitir? Fala-se de divórcio litigioso. Agitam-se fantasmas. Acusa-se a Inglaterra de traição à Europa. Confunde-se União Europeia com Europa. Ora, como lembrou Eduardo Lourenço: “A Europa não existe sem o Reino Unido!”. Poderá existir uma União Europeia (mais pobre, é certo!) sem o Reino Unido. Mas a ideia de Europa como potência, como projeto, como espaço de onde emergiu uma cultura que “configurou” o Mundo em que vivemos não é compreensível, sem o Reino Unido. O que impõe bom senso e a capacidade de tentar ouvir, para perceber os motivos do divórcio. Que deverá ser amigável. “De veludo” com já vi sugerido. Para salvaguardar “as vítimas” inocentes e os “bens adquiridos e partilhados”. Para preservar, da ruína, a casa comum. Para ponderar a coabitação! No superior interesse das crianças e jovens da Europa, e do Mundo!.