CENTRO ARTÍSTICO ALBICASTRENSE
O farol condutor do fado nas Beiras
Custódio Castelo, de Almeirim, é músico e compositor. Foi aos sete anos que construiu o seu primeiro instrumento musical. Aos 13 anos ofereceram-lhe a primeira guitarra acústica. Integrou alguns grupos de música popular portuguesa e bandas rock, desde tenra idade, mas foi com a guitarra portuguesa que se consagrou como uma das maiores referências na música, em Portugal.
Iniciou a carreira no fado a acompanhar grandes nomes, como Hermínia Silva, Vicente da Câmara, Fernando Maurício, Carlos do Carmo e destaca sempre o privilégio de ter trabalhado com Amália Rodrigues. Para Custódio Castelo, Amália Rodrigues foi o Vasco da Gama em versão feminina, levando a cultura portuguesa aos quatro quantos do Mundo e, assim, abriu caminho à geração que se seguiu.
Na Expo 98 Custódio Castelo apresentou-se a solo, o que originou um convite para acompanhar a brasileira Maria Bethânia em vários concertos.
Foi com Jorge Fernando, autor, poeta, compositor, letrista e seu amigo há mais de 30 anos, que começou a criação e inovação do fado, sem perder a sua identidade, mas estilizando com o melhor que os instrumentos podem oferecer.
Com Manuel Cardoso e depois com o filho, Óscar Cardoso, Custódio Castelo conseguiu inovar também no que se refere aos instrumentos, por serem grandes na arte da construção. Em 1995 a guitarra Tempus trouxe um timbre meigo e cintilante. Em 2010 foi o ano do surgimento da guitarra Inventus, construída em tronco escavado e que permitiu a descoberta de uma nova sonoridade. Em 2015 surge a consagração da maturidade (Maturus), com a guitarra siamesa. E essa trilogia resume-se numa frase do músico, afimar que “com os Tempus, os Inventus ficaram mais Maturus”, realçando que “consegui mais uma vitória na minha vida”.
Foi com ele que Camané, Mariza, Ana Moura, Cristina Branco, entre muitos outros, lançaram os seus primeiros discos.
Levar a cultura portuguesa
ao resto do Mundo
Com a guitarra às costas, Custódio Castelo autoconsidera-se um peregrino, que tem como missão levar a cultura portuguesa ao resto do Mundo.
Como o mestre Custódio Castelo tem como principal objetivo propagar o ensino, foi com Miguel Carvalhinho que surgiu a ideia de criar um curso de guitarra portuguesa, com o objetivo de formar músicos para a posteridade. A proposta foi apresentada a Fernando Raposo, vereador da cultura da Câmara de Castelo Branco, e que na altura era o diretor da Escola Superior de Artes Aplicadas (ESART) do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB). O curso já vai no nono ano e tem sido um êxito. É com muito orgulho e com um brilho nos olhos que Custódio Castelo diz que os primeiros licenciados já gravaram discos a solo em guitarra portuguesa e outros já abriram escolas, tendo a ESART já recebido alunos das suas escolas, como José Alegre, por exemplo. E quer continuar a formar mais músicos.
Numa outra vertente, o Centro Artístico Albicastrense (CAA) surge na vida profissional de Custódio Castelo em 2015, com o início do primeiro curso de formação na área do fado. Curso que foi um êxito e que terminou com a gravação de um CD ao vivo por parte dos formandos. Este ano começou o segundo curso de formação na área do fado, e é de salientar que as vagas foram pre- enchidas rapidamente.
Na próxima década, Custódio Castelo não tem dúvidas em dizer que Castelo Branco terá grandes talentos na área do fado, que hoje são alunos sedentos de conhecimento.
Para já, dia 21 deste mês, Custódio Castelo atua no Cine-Teatro Avenida de Castelo Branco acompanhado dos seus músicos, entre eles Rão Kyao, que integra o seu último álbum. Custódio Castelo refere a enorme satisfação de ter recebido este convite da Câmara de Castelo Branco. Aproveita a oportunidade para agradecer à Câmara, ao Centro Artístico Albicastrense, ao Instituto Politécnico de Castelo Branco e à Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco, o carinho com que “me acolheram e a forma como me têm tratado”. E quando questionado sobre o qu é para ele o fado responde que ”é a música que melhor canta a saudade”.
No CAA fado rima
com Custódio Castelo
Para o Centro Artístico Albicastrense (CAA), a palavra fado rima com Custódio Castelo. O presidente da coletividade, Paulo Afonso, como fã incondicional da música criada por este mestre da guitarra portuguesa desde longa data, sente um orgulho enorme em poder dizer que o CAA serve de ninho, onde Custódio Castelo pode contribuir para que os apaixonados pelo fado melhorem a sua condição de fadistas.
A relação entre o CAA e Custódio Castelo passou a ser visceral, porque como casa de cultura albicastrense que é, tudo tem feito para que o mestre reúna as condições para desenvolver o seu trabalho e se sinta como se em sua casa estivesse a receber os seus amigos ou a sua família. Passado um ano pode dizer-se que Custódio Castelo construiu uma verdadeira família de apaixonados pelo fado, sendo ele, naturalmente, o seu patriarca.
Paulo Afonso realça que Custódio Castelo “não vinga na cena musical apenas pelo seu enorme talento, pelas suas condições ímpares de compositor musical e executante exímio. Não! Custódio Castelo ao nível da componente humana é uma pessoa apaixonante, que cativa desde a primeira hora todas as pessoas que tiverem o privilégio de partilhar momentos com ele. Como todos os génios, a sua humildade ainda o torna mais grandioso e contribui para a elevação do seu talento”.
Afirma que “ele é, hoje, uma referência incontornável na área do fado e o fado ficar-lhe-á eternamente grato pela dedicação de uma vida ao seu estudo e desenvolvimento”, acrescentando que o “CAA deseja continuar a ser parceiro de Custódio Castelo, porque acredita que Castelo Branco só terá a ganhar com esta relação de enorme cumplicidade”.
Manuel Geraldes