Celeste Capelo
A IGUALDADE BEM DESIGUAL...
Isto da igualdade… tão apregoada e tão pouco praticada.
Desde logo porque o termo igualdade, tem sentidos diferentes consoante os contextos em que é proferida.
Dar a todos por igual. Nada mais desigual.
E a prová-lo está, e dou como exemplo, a resolução go-vernativa de oferecer os livros escolares a todos os alunos do 1º ciclo.
Será que todos têm a mesma capacidade económica? O filho de um casal que ganha o salário mínimo terá maior, ou menor necessidade, do que o filho de um gestor púbico, que ganha não sei quantas vezes mais.
Depois, a brilhante ideia de fazer pagar os livros se estes, no final do ano letivo, se encontrarem riscados ou rasgados.
É certamente uma boa prática educativa insistir na preservação do material, não estragar o que é nosso e muito menos o que é dos outros.
Tudo muito certo. Mas daí a ser possível acontecer em crianças dos 5 aos 9 anos de idade, é puro lirismo. O simples meter o livro na mochila pode rasgar com grande facilidade a capa dos livros, a não ser que voltemos aos livros de antigamente, com capas de cartão grosso.
Mas neste caso não poderão ser muitos; pois se assim as mochilas já pesam tanto!…. Além disso, o mexer, o manusear, o escrever uma nota explicativa, tudo faz parte da aprendizagem.
É por isso que eu digo: Isto não faz sentido.
Outra desigualdade bem recente. O PERDÃO FISCAL. Outro exemplo da mais pura das desigualdades.
Explicando melhor o que digo:
Os infratores, aqueles que não cumprem com as suas obrigações fiscais, saem beneficiados, tranquilos porque nada aconteceu nem vai acontecer.
E os contribuintes escrupulosos, que tudo fazem para cumprir com as suas obrigações?... Pagaram a tempo e horas. Que nome se lhes pode dar?. São uns tansos?...; são parvos?… Chega-se à conclusão que é útil prevaricar.
O que a maioria das pessoas não sabe é que todo este processo está imbuído de uma engenharia financeira, que prevê o pagamento faseado das dívidas em causa, e assim, serve para branquear e limitar, os efeitos nas contas do deficit para 2016, o que nos acrescenta maior preocupação acerca do controlo das finanças públicas.
Tudo o que acabo de escrever, e refletindo sobre o título desta crónica, mais recordo a frase de Augusto Cury:
“O sonho da igualdade só cresce no terreno do respeito pela diferença”