11 de outubro de 2017

João Carlos Antunes
No mesmo dia em que em Portugal...

No mesmo dia em que em Portugal a ida a votos anunciava a hecatombe eleitoral do maior partido da oposição, em Espanha, a consulta referendária na Catalunha decorria, como de resto já era previsível, de forma muito pouco usual na Europa do Século XXI, com cenas inqualificáveis de confrontos de violência e tensão que só serviram para ainda mais aumentar a força e a vontade de afrontar Madrid. Com o ambiente que se foi criando ao longo dos últimos meses, os ânimos estavam acicatados e o resultado do referendo seria sempre a favor da independência, porque os adeptos da união com Espanha, na Catalunha foram afastados do debate, marginalizados por uma opinião pública catalã maioritariamente favorável à separação. Em contrapartida, nos debates que se puderam acompanhar através das televisões nacionais, raramente se deu voz aos independentistas. É por demais evidente que em Espanha, as duas partes estão mesmo de costas voltadas e com pouca vontade de dialogar. E, se o líder da Catalunha, Charles Puigdemont, avançar com a pretensão de declarar unilateralmente a independência, exatamente à hora de fecho do nosso jornal, poderemos perguntar-nos se ele terá mesmo refletido profundamente sobre o day after. E isto vai ser bem pior que o Brexit... O que é um facto é que o sistema bancário espanhol já está em ebulição e com as agências de rating a ameaçarem cortes. Em Espanha vão-se viver dias muito difíceis e não tenham dúvidas que as ondas de choque, infelizmente, vão chegar a Portugal. Porque quando Madrid espirra, Lisboa constipa-se...

Igualmente tempos difíceis se vivem no PSD. Tal com prevíamos na passada semana, Pedro Passos Coelho já é passado, para grande desgosto de uma certa direita radical, que tem no jornal online Observador o seu principal arauto, uma direita que admira as políticas de Trump e que via em Passos Coelho, até pela sua experiência governativa anterior, o melhor político português para levar adiante as ideias ultraliberais que perfilham. Agora é vê-los a tecer-lhe rasgados elogios, alguns indo mesmo ao extremo de o considerarem o melhor Primeiro Ministro pós 25 de Abril. Esperamos que o PSD se liberte dessa tralha e se recentre na social democracia e se deixe de assumir de direita. Mas os tempos estão difíceis e registe-se a lista de candidatos que já não são, restando neste momento Rui Rio e esperando que Santana Lopes, qual D. Sebastião, depois do habitual período de reflexão, tenha a onda laranja que o traga de volta à ribalta política. Agora são movimentações de bastidores, com os baronetes a não quererem Rio sozinho na corrida, mas muito sangue ainda vai correr nesta batalha intestina...

11/10/2017
 

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