MARIA DE LURDES GOUVEIA BARATA
MULHERES EM PERSPECTIVA…
As mulheres devem ganhar menos do que os homens
porque são “mais fracas, mais pequenas, menos inteligentes”.
Jamusz Korwin-Mikke, eurodeputado polaco
A melhor parte de não importa qual filme
é quando eles fazem as mulheres calarem a boca.
Donald Trump, 45º presidente da América
As mulheres são, na essência, objectos estéticos agradáveis.
Donald Trump, 45º presidente da América
As transcrições anteriores assumem impacto suficiente para o apelo à revolta, diria mesmo em exagero (se não estivéssemos no séc. XXI) ao (re)começo de uma revolução que repusesse a justiça da igualdade de direitos dos seres humanos mulheres e dos seres humanos homens. Assim, confesso, que se me depara como irritante, e mesmo decepcionante, chegar ao Dia da Mulher para uma manifestação apoteótica de reuniões e de jantares, de vozearia (por vezes quase histérica) de UM dia em que parecem concatenar-se todas as dores, todas as injustiças gritantes, todas as frases que já se gastaram, para depois se cair no ram-ram de ouvir e calar, porque o mundo está feito assim.
Confesso ainda, e repito-me, que senti sempre como um tanto humilhante as quotas das mulheres na integração de certos cargos. Porém, oscilei um pouco na minha opinião, quando uma outra mulher me disse: pode não ser o melhor caminho, mas é uma conquista que se torna instrumento para continuar a fazer o caminho – aquele que levará à paz de estarem todos os seres humanos na paz justa.
Os dias correm num progressivo andamento desde que a mulher se bastou a si própria pelo trabalho, não sendo obrigada a aturar o facto de a sua sobrevivência depender dum marido. O andamento continuará profícuo com os factores educação, conhecimento e saber, que vão perspectivando a experiência humana pelo tornar-se consciente da igualdade justa dos deveres e direitos ao lado de todos os outros seres humanos, sejam mulheres, sejam homens.
No entanto, o que me despertou o desejo de escrever sobre a mulher na proximidade do seu Dia Internacional foi a perplexidade que me desencadearam as afirmações de Jamusz Korwin-Mikke, o eurodeputado polaco, e de Donald Trump, o 45º presidente dos estados Unidos da América, que são despudoradas e ridículas. Provavelmente, haverá muitas semelhantes, mas não carregam o peso da responsabilidade das figuras de destaque que as pronunciaram para o mundo. Daí que as minhas palavras são um protesto provocado, necessário, incentivador do repúdio imediato e da luta. Se no mundo ocidental as mulheres sabem assobiar (e assobiaram, assim como muitos dos homens civilizados), no mundo oriental, mesmo que saibam, a repressão e o medo impedirão sempre o assobio que se impõe.
O senhor Donald Trump tem tanto prazer em manter as mulheres caladas! Será medo? Será devido à arrogância estúpida de se deslumbrar consigo próprio? Hoje já são muitas, muitas as mulheres que não se calam. E, se as mandam calar, não obedecem, que o mundo também é delas. A mulher impõe-se cada vez mais, não como objecto estético para regalo do homem, mas pelo seu valor e pela participação na sociedade através do trabalho competente, da manifestação da sua opinião pelo voto, pela escrita, pelas pressões de uma luta que não pára e se fixa na mudança, como, por exemplo, salários iguais para o mesmo tipo de trabalho. Era bom ver tal eurodeputado junto do gigante Golias… Ficava tão fraco, tão pequeno, ainda com menos inteligência do que a pouquinha que tem! Pomos a hipótese de ele ser Golias? Haveria sempre uma mulher-David para o derrotar.