ATÉ 28 DE FEVEREIRO
Galeria Municipal recebe Soares Sempre Fixe
Na Galeria Municipal de Proença-a-Nova está patente, até dia 28 de fevereiro, a exposição Soares Sempre Fixe, com fotografias de Inácio Ludgero e coordenação da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA).
A mostra, inaugurada domingo, apresenta um retrato dos principais momentos políticos desde 1974 em que invariavelmente esteve envolvido o ex-Primeiro Ministro e ex-Presidente da República.
O presidente da Câmara de Proença-a-Nova, João Lobo, realçou que “Mário Soares é um homem que uns amaram veementemente e que outros odiaram também veementemente. Apesar de não ser uma figura unânime, soube dirigir o País com a coerência de olhar para a democracia e para liberdade”.
João Lobo aproveitou ainda a ocasião para agradecer à SPA ter levado a exposição a Proença-a-Nova, porque “é importante que a cultura se mova para territórios como o nosso. A vida de um autarca do Interior é a luta constante contra a extinção e é também através da cultura que conseguimos chamar a atenção para outros problemas”.
Ana Raimundo, diretora da SPA, salientou também esse papel dinamizador da cultura, disponibilizando-se a estreitar a parceria com a Câmara.
Sobre a exposição, destacou o olhar diferente das fotografias de Inácio Ludgero, fruto da “cumplicidade” que existia entre o fotógrafo e a família Soares.
Carlos Fernandes, em representação da família Soares, reforçou o aspeto histórico que as fotografias documentam, testemunhando três grandes momentos, em cinco, que são fundamentais para compreender o Portugal Moderno (a democracia, a descolonização e a integração na União Europeia, a que se juntam a integração na EFTA e a reunificação alemã). “A minha geração observa estes momentos e encontra como estruturador esta grande personagem, Mário Soares, que eu acho que deixa uma grande herança: a tolerância. A democratização em Portugal foi possível porque ele venceu a batalha da tolerância”. Na sua perspetiva, “esta exposição e os homens como o Inácio, que testemunharam esta realidade, têm o grande papel de prolongar e de dar a conhecer memória às novas gerações que estão afastadas da política e que precisam de maior participação cívica”.
O autor das fotografias, Inácio Ludgero, partilhou algumas histórias das quatro décadas em que privou com a família Soares. No entanto, salientou a isenção que a profissão de jornalista acarreta. “O repórter fotográfico deve ver os factos como um voyeur, como se estivesse a olhar naquele buraquinho da máquina fotográfica como o buraco da fechadura, não tem que intervir, como nunca intervim em nenhuma das situações”, afirmou. O fotógrafo destacou o papel de Maria de Jesus Barroso na vida de Mário Soares que, para além da carreira que construiu, foi sempre um pilar na vida do político ao longo de 66 anos de vida conjunta. No final, declamou a poesia Amor da Hora Triste, de Álvaro Feijó, o mesmo poema que Maria Barroso declamou em tempos e cuja gravação foi utilizada na última homenagem a Mário Soares nas exéquias fúnebres no Mosteiro dos Jerónimos, em 2017.
O projeto Soares Sempre Fixe começou por ser um livro, editado pela Guerra & Paz, tendo a Livraria Lello feito uma edição especial com sobrecapa desenhada por Álvaro Siza Vieira.