Edição nº 1661 - 21 de outubro de 2020

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

NUMA PEQUENA CIDADE dos subúrbios de Paris, na aula de ensino moral e cívico, o tema foi liberdade de expressão, numa altura em que se iniciava o julgamento dos terroristas que em janeiro de 2015 atacaram a redação do jornal satírico Charlie Hebdo que vitimou 12 pessoas, a maioria cartoonistas do semanário, alguns deles como Cabu ou Wolinski grandes referências no humor gráfico europeu. Considerou o professor que seria oportuno para suscitar debate mostrar a capa do jornal que originou a ação dos terroristas islâmicos, que consideraram blasfema a reprodução do profeta Maomé. O professor Samuel Paty defendia a liberdade de expressão, a importância da sátira e transmitia esses valores fundamentais aos seus alunos. Blasfémia! gritaram alguns pais ligados ao islamismo mais extremista e nas redes fizeram propaganda com ameaças de morte ao professor que viria a terminar num ato de violência extrema com a decapitação de Samuel Paty em plena via pública. Este ato terrorista fez desencadear uma onda de repulsa e de exigência da sociedade francesa no combate ao extremismo islâmico que mais uma vez, entre muitas, faz correr sangue num país de largas tradições de liberdade. É um desafio que a sociedade francesa tem de vencer.

TAL COMO ERA PREVISTO pela grande maioria de especialistas, depois de um enganador período de acalmia que coincidiu com o período de férias e que trouxe um regresso à normalidade possível, esta semana foi marcada por um crescimento exponencial de infetados com o COVID-19, a nível nacional, como também no nosso distrito. E como reflexo da evidente preocupação, onde alguns até querem ver pânico, sentida pelos governantes e serviços de saúde o Governo levou ao Parlamento algumas medidas a serem aprovadas (ou não) pelos deputados. E uma dessas propostas apresentadas por António Costa levantou quase de imediato um coro de críticas. Considerar a hipótese de tornar obrigatória a instalação no telemóvel da aplicação Stayaway Covid foi manifestamente uma má e impensada ideia. Nem tanto pelas dúvidas que alguns poderão ter sobre os riscos de perda de privacidade que advém da utilização da aplicação desenvolvida pelos prestigiados Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência e pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto. Antes pelo principio da obrigatoriedade que implica fiscalização e coimas e, por razões evidentes, pela sua pouca exequibilidade. Mesmo sabendo-se logo depois que esta proposta iria ser retirada ou pelo menos adiada, o tema ocupou durante a semana boa parte de todos os espaços de debate na televisão em acaloradas e escandalizadas discussões. Foi o abanão de que falava Costa? Cuidem-se.

21/10/2020
 

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