Maria de Lurdes Gouveia Barata
ANO NOVO… QUE SEJA VIDA NOVA!
Chegou o Novo Ano e as palavras, que exprimem os votos de Esperança com sentimento de mudar sempre para melhor, parecem impregnar de optimismo até os que são pessimistas… Será? É bom assim, mesmo que seja por um instante apenas, que o homem sempre se agarrou a tábuas de salvação, ou não tivesse esse facto a ver com o próprio instinto de sobrevivência.
Arrumaram-se as árvores de Natal e os Presépios, arrumaram-se as prendas, os cachecóis são para usar já, já, ou os livros que se desejavam e alguém se lembrou de oferecer, colocados num canto da estante ao alcance dos olhos para encontrar e deleitar intervalos nas rotinas… Renova-se um recanto com um novo bibelot e espreita-se várias vezes para avaliar a mudança… Todavia, os vestígios das festas natalícias e de passagem de ano vão desaparecendo aos poucos, chegando a meter pena aqueles três pais-natais a trepar já sem forças para uma janela…
Chegou também a neve a este Janeiro para cumprir a tradição e a chuva desejada que logo desaparece. Mas a entrada do Ano Novo não trouxe o novo, na parte das alterações climáticas, de modo a sossegar os que as temem. É oferecido o espectáculo da neve no deserto do Saara, o mais quente do mundo. Apesar de aquele contraste de castanho e avermelhado entremeando o branco deliciar os olhos de turistas e fotógrafos e espectadores televisivos, que somos todos, deixando que as imagens do mundo inteiro entrem na nossa casa, não podemos deixar que apenas a beleza nos arraste, pois traz um aviso de mudança perigosa: o fenómeno está a surpreender os habitantes da cidade de Ain Sefra, na Argélia, em pleno deserto do Saara e, segundo a revista “Forbes, é apenas a terceira vez em 37 anos que isto acontece. As condições extremas de temperatura pelo mundo apresentam-se como exemplo aqui. Igualmente o frio congelou as Cataratas do Niagara, no Canadá e os termómetros na Austrália registraram 46 graus Celsius, alcançando os níveis mais altos ao longo de décadas. Repito-me um pouco com a insistência neste tópico do clima, porque realmente me preocupa.
A entrada no Novo Ano não apaziguou preocupações sobre o génio Donald… Até podíamos imaginar o engraçado Pato Donald a tecer considerações sobre tudo isto. Mas o Patinho anda lá na vida dele e aquele Donald é seguido do nome Trump e logo se estraga tudo! Como diz, com humor, uma das minhas amigas, teme-se o pior… Porque lhe chamei génio? Da minha parte será sempre ironia. Uma das últimas (porque são muitas…), a propósito da publicação do livro Fogo e Fúria de Michael Wolff, no qual o autor relata o primeiro ano da presidência de Trump na Casa Branca, o visado reagiu – e era na verdade de temer o pior : “As minhas duas grandes qualidades têm sido estabilidade mental e, também ser, inteligente. A desonesta da Hillary Clinton também jogou este jogo e acabou por sair queimada como todos sabem. Fui de empresário de sucesso para estrela de televisão até presidente dos Estados Unidos à primeira tentativa”. Trump remata o tweet em que faz estas afirmações, dizendo que tudo isto significa que não só é inteligente mas genial... um génio muito estável. Presunção e água benta…
E o resto continua…com programas de televisão cheios de boladas de futebol, com más-línguas da política, com jogos de poder, num rodopio constante dos homens perdidos na embriaguez de mandar, de se impor pelo dinheiro (e vão conseguindo…), de convencer os outros das suas crenças cegas em ideologias que não têm em conta esses outros, ideologias de guerra, de terror de opressão, de desigualdades entre os homens da Terra…
Desculpem-me os leitores: sendo uma genuína optimista, hoje nem parece… Mas venha o Ano Novo com Saúde para todos, para que todos os Homens de Boa Vontade continuem a lutar por uma VIDA NOVA PARA MELHOR!