Fernando Raposo
O COVID-19 E A GLOBALIZAÇÃO. MORRA A GLOBALIZAÇÃO, MORRA! PIM!
Da janela do meu quarto, as ruas vejo-as desertas e o silêncio é infinito. O tempo passa agora devagar, muito devagar, como quando era criança. Parece uma eternidade!
Receio muito que o tempo não volte a ser mais o tempo que era antes do tempo que agora vivemos.
Maldita pandemia!
À hora em que escrevo, contam-se para cima de dois milhões e quinhentos mil infectados e o número dos que perderam a vida, em todo o mundo, já ultrapassa as 165.000 pessoas.
Ainda não se sabe ao certo como ela, essa maldita pandemia, “deu à luz do dia”.
O que se sabe é o bastante para que todos tenhamos consciência de que a globalização se finou por perda de confiança nos parceiros que nela operam.
Nunca fora adepto da globalização económica. Foi com ela, que nos foram subtraídos sectores de actividade em que nós, portugueses, éramos exímios. Quem não se lembra da pujança de sectores como o têxtil. Aqui, no interior, muitas fábricas fecharam e centenas, senão milhares, de trabalhadores ficaram no desemprego.
Tudo isto porque a Europa, dita civilizada, se deixou capturar pelo poder económico e se abriu assim ao mercado asiático. A mão de obra é barata, desprotegida e sem direitos. Ali os trabalhadores não reclamam, nem fazem greve e a possibilidade de obtenção de maior lucro por parte dos investidores é muito maior.
E foi assim, que para ali, para terras do fim do mundo, se deslocalizaram inúmeras empresas.
E nós, civilizados e insuspeitos quanto à defesa dos direitos humanos, fomos aceitando, por conveniência mercantilista, que ali, na Ásia, se continuasse a explorar, até ao tutano, gente que outra ambição não tem, senão a de sobreviver.
Em troca escancaramos as portas aos asiáticos, que lá são mais do que muitos, que abriram por toda a Europa uma infinitude de lojas de pechisbeque. Por cá, de onde vos escrevo, é porta sim, porta não!
Como diria Almada Negreiros, no manifesto Anti-Dantas, “Morra o Dantas, Morra! Pim! eu direi agora: - MORRA A GLOBALIZAÇÃO, MORRA! PIM!
Não pretendo ser injusto com os povos asiáticos. Antes, pelo contrário, é por eles, para que todos eles vivam em liberdade e tenham os mesmos direitos que temos nós aqui na Europa. Esta não pode continuar a ignorar que ali, em particular na China, se vive uma ditadura. Uma ditadura férrea, onde impera o totalitarismo. Seja ele de esquerda ou de direita, o padrão de conduta é o mesmo. É dos manuais de política! “o totalitarismo é um sistema político ou uma forma de governo que proíbe partidos de oposição, que restringe a oposição individual ao Estado e às suas alegações e que exerce um elevado grau de controlo na vida pública e privada dos cidadãos”.
Como muito bem refere, em poucas palavras, Juliana Bezerra (Professora de História) “O Totalitarismo é um regime político no qual o governo é autoritário, nacionalista, antidemocrático e militarista”.
E foi, certamente, também por isto, por a China ser um regime totalitário, que, sendo fidedigna a informação recente de que ela teve conhecimento do primeiro caso de infecção pelo covid-19, sonegou essa informação à Organização Mundial de Saúde e à Comunidade Internacional e não acautelou o encerramento das fronteiras de modo a evitar a sua propagação.
Tivesse a China sido prudente e actuado de boa fé e agora não estaríamos confrontados com esta calamidade.
A China ao pôr em causa o princípio da confiança, que é suposto estar presente nas relações entre os povos, deixou de ser credível e confiável.
Da Europa, da qual também fazemos parte, espera-se uma resposta adequada, que recupere os sectores de actividade económica que perdeu para a China, pelas razões atrás referidas, que salvaguarde e potencie todos os sectores de actividade indispensáveis à qualidade de vidada de todos os cidadãos.
E cada um de nós, de per si, tem o dever de valorizar aquilo que nós produzimos. Aqui, no país, ou na Europa de que também somos parte.
Ao gosto de Almada, morra a globalização, morra! Pim!