Edição nº 1761 - 5 de outubro de 2022

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

AS ELEIÇÕES DE DOMINGO NO BRASIL deixaram-nos com um sentimento de frustração. Quando todas as sondagens apontavam para uma vitória folgada de Lula da Silva, até com hipóteses de ter a eleição assegurada logo à primeira volta, vemos um revigorado Bolsonaro a ficar a um pouco mais de cinco pontos do rival, que assim parte para a segunda volta com a moral dos seus seguidores em alta. Mas tudo aponta para que no dia 30 de outubro se confirme o primeiro lugar de Lula. Porque tem uma taxa de rejeição inferior ao atual presidente e porque, estando a dois pontos da vitória, será expetável que consiga fazer acordos com os candidatos que ficaram em terceiro e quarto lugares, de uma área política, aquilo que se denominaria de terceira via, que talvez se revê mais num Lula, mesmo que ensombrado pelas acusações de corrupção que deixou acontecer ou de que beneficiou e que manchou todo os seu passado de político que tirou milhões de brasileiros da fome. Mas o que mostram os resultados do passado domingo é que a extrema direita no Brasil veio para ficar, com um bom punhado de vitórias bolsonaristas na liderança de vários estados brasileiros e um número significativo de senadores que lhe garantem maioria no senado brasileiro. Agora resta desejar que este mês decorra sem conflitos violentos e que os dois candidatos, finalmente, parem de se insultar e que apresentem as suas propostas para o desenvolvimento deste grande país irmão. Só como nota final, a constatação de que estes ideais extremistas de direita, populistas, iliberais, estão infelizmente a varrer o mundo, nomeadamente perto de nossas portas. O que seria inimaginável ainda não há muitos anos está a acontecer em Itália, país fundador da Comunidade Europeia, com o neo-fascismo inspirado em Mussolini a governar, na Suécia que em tempos foi o farol da social-democracia europeia, com figuras como Olof Palme, é hoje governada por uma coligação de direita que reúne de moderados a extremistas xenófobos. A esquerda e os democratas em geral, terão de aprender a lidar com esta situação.

O ESPETÁCULO EM FORMA DE TEATRO de opereta montado por Putin para assinalar a integração na Federação Russa dos espaços ocupados na Ucrânia seria risível, digno de figurar num filme do comediante inglês Sacha Baron Cohen, na sua personagem Gorat. Seria risível se o ditador, cada vez mais isolado, não fosse o responsável por muitos milhares de mortos e feridos e pelas dificuldades sentidas em todo o Mundo, causadas por uma crise que era tudo o que o mundo menos precisava depois de dois anos de pandemia. Foi uma cerimónia onde ele tentou, por todas as formas, mostrar uma realidade virtual que parece já nem ser aceite por parte significativa dos cidadãos russos. Enquanto Putin encenava a vitória na Praça Vermelha de Moscovo, no terreno as tropas ucranianas davam a resposta e continuavam na sua senda vitoriosa de reconquista de território ocupado, obrigando as tropas invasoras a bater em retirada. A realidade virtual constrói-se à medida dos nossos desejos. O pior é quando se cai na real… A guerra ainda está para durar, talvez até à queda de Putin, mas o perdedor já se adivinha quem é. Mesmo com ameaças nucleares.

05/10/2022
 

Em Agenda

 
29/05 a 12/10
Castanheira Retrospetiva Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco
02/08 a 26/10
Barro e AlmaMuseu Francisco Tavares Proença Júnior, Castelo Branco
06/08 a 14/09
O Vestido da minha vidaGaleria Municipal de Oleiros
06/08 a 30/08
Quando a Luz do Teu Corpo Me CegaSociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa

Gala Troféu Gazeta Atletismo 2023

Castelo Branco nos Açores

Video