João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
QUANDO ESTE APONTAMENTO FOR PUBLICADO estaremos a poucos dias de depositarmos o nosso voto nas urnas, este é o tempo para os partidos convencerem os eleitores a acreditar nas suas propostas de governação. Temos um eleitorado aparentemente difícil de convencer porque todas as sondagens, e são muitas, que têm sido publicadas, mostram um número bastante elevado de portugueses que, a poucos dias de preencher o boletim de voto, ainda não decidiu a sua escolha. Porque a acreditar no que tem ouvido nesta tão longa campanha eleitoral, vamos acordar no dia 11 de março não no Portugal que conhecemos ou que nos é pintado, mas num paraíso. Baixos impostos, bons ordenados, melhores reformas, hospitais a funcionar maravilhosamente, sem listas de espera seja para o que for, escolas com professores satisfeitos e, finalmente, motivados por terem recuperado o tempo total de serviço, professores a ensinar e alunos a aprender. Com tanta motivação, não faltarão médicos e professores. Já para não falar da habitação, que até agora tantas dores de cabeça e tostões contados no final de cada mês provoca a tantos portugueses. Será coisa simples de resolver.
Qual será o click que vai fazer decidir o eleitor indeciso? A resposta é um desafio para qualquer sociólogo, é aquilo que os partidos do chamado arco governativo gostariam de saber. Duvido que a opção de trazer para os palanques os barões dos partidos tenha significativos ganhos eleitorais. Pelo menos na maioria dos casos, faz lembrar um casal jovem que tem a casa mobilado com móveis modernos, adequados à vida atual e quer integrar móveis antigos que herdou da família mas que acabam por ser empecilho numa casa que se quer voltada para o futuro.
O importante é que os portugueses não faltem à chamada e não fiquem em casa, mesmo sabendo que longe vão os tempos, como os das eleições de 25 de abril de 1975 para a Assembleia Constituinte, quando noventa e três por cento dos eleitores, a grande maioria pela primeira vez, celebraram a festa da Democracia.
ESTA SEMANA FOI DIVULGADO o relatório da OCDE Factos, não falsificações: Combater a desinformação, fortalecendo a integridade da informação. Defende a OCDE que “Os governos devem perseguir objetivos para reforçar o papel positivo dos media e das plataformas ‘online’, entre os quais políticas para mais diversidade e salvaguardar a integridade da informação durante eleições democráticas” Outro dos objetivos apontados é o do apoio aos media de serviço público independentes e de alta qualidade, já que os órgãos de comunicação social estão “frequentemente entre as fontes de notícias mais confiáveis e podem ter um papel importante nas democracias”.
Eu diria que é também fundamental desenvolver competências de literacia que faça o cidadão refletir e confirmar a veracidade da informação. Sabemos que tal não é fácil porque cada vez mais, em questões de política se vive num tribo, numa bolha em que cada um só quer acreditar naquilo que vai ao encontro das suas convicções.
É um relatório que vem no tempo certo para Portugal. Nunca como nestas eleições vimos uma campanha descarada de desinformação e desonestidade. E a fonte tem um nome. Inspirando-se nos seus ídolos Bolsonaro e Trump, tenta aqui entrar pela desacreditação das eleições, falando das falcatruas e bandalheira que vão tornar os resultados falsificados. Espalhando nas redes sociais informações falsas, que são replicadas instantaneamente por milhares de seguidores.