António Tavares
Editorial
Os resultados da primeira fase do Concurso de Acesso ao Ensino Superior (CNAES) já são conhecidos, sendo que foram colocados quase 44 mil alunos, o que representa um decréscimo em comparação com a primeira fase do ano passado.
Uma diminuição de ingressos que teve reflexos nas instituições de Ensino Superior do Interior, onde o decréscimo de entradas de novos alunos foi significativo.
Ou seja, o Interior, mais uma vez, volta a pagar o preço da interioridade, como acontece em várias áreas, pois o problema é transversal.
No que se refere à redução no número de colocações, muito pode ser dito, como um eventual decréscimo do número de jovens num país que está a sofrer o problema do envelhecimento, mas a esta redução não serão certamente alheias as dificuldades económicas que os Portugueses enfrentam. Tudo, porque possibilitar que um jovem continua a sua carreira académica no Ensino Superior não é suportável para muitas famílias, nomeadamente quando esse passo implica a deslocação para fora d localidade onde vive. É que, além das despesas com transportes e com alimentação, que não são nada leves, há a somar o valor a pagar pelo alojamento, tendo em consideração que alugar um simples quarto, em muitos pontos do País, implica uma despesa incomportável, devido aos valores escandalosos.
Dito isto, segue-se agora a segunda fase, que por razões óbvias tem mais vagas, mas, certamente, os ingressos voltarão a ficar abaixo dos registados em anos anteriores, pois estudar está a tornar-se um luxo que não está ao alcance de todos.