António José Seguro defendeu políticas de discriminação positiva em Idanha-a-Nova
“Não podemos abandonar os portugueses que vivem no Interior”
“Muita gente olha para o Interior e passa a vida a queixar-se daquilo que nunca foi feito aqui. Eu olho para o Interior e passo a vida a afirmar aquilo que pode ser feito no Interior do País”.
Foi deste modo que o secretário-geral do PS iniciou a sua intervenção, durante a cerimónia de receção, de que foi alvo na Câmara de Idanha-a-Nova, sábado.
António José Seguro deslocou-se durante dois dias (sexta-feira e sábado) ao Concelho de Idanha-a-Nova, numa visita cujo tema foi o Mundo Rural – Contributo para um Portugal Sustentável.
“Nós não podemos abandonar os portugueses que vivem no Interior de Portugal e eu defendo um contrato de desenvolvimento com o Interior, entre o Estado e as câmaras municipais”, disse o responsável socialista, defendendo ainda a necessidade de se conhecer o Interior e de compreender a sua realidade.
Por outro lado, defendeu a criação de medidas de discriminação positiva que permitam atrair investimento, nomeadamente privado, bem como apoio aos empresários que já se encontram sedeados no Interior.
Neste sentido, António José Seguro recordou que o PS apresentou recentemente uma proposta de alteração ao IRC, que tem precisamente em linha de conta, essa discriminação positiva, ou seja, “as empresas que efetivamente estão sedeadas no Interior, possam ter uma redução de 50 por cento no imposto que pagam”. Esta é uma medida que segundo o secretário-geral socialista pode contribuir para a fixação de mais empresas no Interior e, consequentemente, mais criação de postos de trabalho, um dos dramas com que as regiões do Interior se debatem.
António José Seguro voltou a referir que “o Interior não é um fardo, nem um encargo para o nosso País”. Pelo contrário. Fez questão de dizer que “o Interior é uma oportunidade que tem de ser aproveitada e este é o momento de fazê-lo, porque há uma nova geração de autarcas do Interior disponível para contratualizar com o Estado Central”.
Por último, fez ainda questão de sublinhar que o slogan do município de Idanha-a-Nova, “Não Emigres, migra para Idanha” é, sobretudo, “uma visão, uma estratégia alicerçada numa grande ambição que é a de resistir ao despovoamento do Interior”.
País habituou-se
ao Terreiro do Paço
O presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, dirigindo-se ao secretário-geral do PS, disse que o País “habituou-se a fazer política no Terreiro do Paço e a não sair de lá”.
Armindo Jacinto entende que é necessário mudar a imagem que se tem do Interior, “muitas vezes uma imagem miserabilista” e passar a olhar para o mundo rural “como um espaço de oportunidades que pode captar investimento, criar riqueza e emprego e ajudar o País a ultrapassar a crise em que está mergulhado. Nós só ultrapassamos a crise, trabalhando, produzindo e criando emprego”, referiu.
Por outro lado, o autarca disse que somos um país agrícola “e não podemos ter medo de o dizer. O investimento a fazer tem que incorporar as dinâmicas do Século XXI, baseadas no conhecimento, nas tecnologias e na inovação. É este o desafio que se coloca ao mundo rural”, disse.
Armindo Jacinto defendeu ainda que, atualmente, o Interior não existe, “porque estamos a falar de centralidade e é nessa centralidade que temos de apostar. Estamos no meio de cerca de 30 milhões de consumidores. Isto não é Interior. É centralidade e é desta forma que temos de olhar para o País”, concluiu o autarca de Idanha.