Valter Lemos
Voltar atrás no início do ano escolar… e não só
A história do início do ano escolar recuou 10 anos. Em 2004/2005 com um governo de coligação PSD/CDS, com Santana Lopes como primeiro-ministro e Maria do Carmo Seabra como ministra da educação, teve lugar um sério problema na colocação dos professores que criou o caos nas escolas. Um dos primeiros trabalhos da equipa ministerial da educação do governo do PS que iniciou funções em Março de 2005 foi a de criar as condições de normalização do arranque do ano escolar e de funcionamento competente da colocação de professores. Assim em 2005/2006 o ano arrancou atempadamente e com toda a normalidade o que se repetiu nos anos seguintes. O sistema de colocação de professores foi aperfeiçoado, garantindo um maior tempo de permanência dos professores na mesma escola, resultados atempados dos concursos e maior eficiência nas substituições e nas contratações.
O atual ministro da educação mostrou, desde o início do seu mandato, uma enorme vontade em mudar alguns importantes programas do governo anterior, em grande parte dos casos, sem apresentar qualquer outra solução e numa atitude meramente destruidora, mas, conservou durante algum tempo o sistema de recrutamento e colocação de professores. Não resistiu, no entanto a introduzir modificações, as quais foram sempre mostrando debilidades técnicas e assim foram aumentando os casos e os problemas. Este ano tudo se agravou com uma inacreditável incompetência. Curioso é que tal incompetência se tenha verificado numa ignorância matemática, precisamente quando o ministro é matemático e essa sua característica tenha sido uma das mais citadas no seu currículo quando fazia o seu tirocínio para o cargo político que veio a ocupar. E a verdade é que a incompetência é tal que o problema continua ainda a não estar resolvido.
Demitiu-se o diretor geral da administração escolar, dando assim a entender que a questão era meramente de carácter técnico e não político. Mas é significativo que tal ocorra com este ministro. O mesmo quando falava nos programas de televisão e nos comícios do PSD, responsabilizou a então ministra da educação por um erro num exame. Ora, até o mais desinformado cidadão saberá que não é o ministro que faz os testes de exame. Mas naturalmente espera-se que o ministro da educação conheça e valide as regras de recrutamento e seleção de professores usadas pelo seu ministério.
Mas, afinal, o atual ministro voltou a mostrar um traço da sua personalidade política. Não assumir as responsabilidades dos erros e incompetências do ministério que dirige, ao contrário do que exigia aos seus antecessores.
Esta característica vem juntar-se à pulsão para a destruição, bem simbolizada na célebre frase que dizia que era preciso implodir o ministério. Afinal para além da eliminação de diversas medidas e programas do governo anterior, que mais fez este ministério? Voltar à instabilidade na colocação dos professores e do início do ano escolar. E, já agora, voltar os exames da 4ª classe.
Se não fosse triste e grave, era, no mínimo, ridículo.
ANTÓNIO COSTA
As primárias do PS foram simplesmente uma fuga para a frente de Seguro quando se sentiu acossado na posição “daqui não saio” que tinha adotado. Apesar disso, e das lamentáveis acusações que fez a Costa durante a campanha, acabaram por correr bem.
António Costa venceu de forma expressiva o que lhe confere uma legitimidade inquestionável e que provavelmente nenhum líder partidário teve até hoje. Tal pode constituir o primeiro ato do que pode ser a construção de uma nova maioria política e de um processo que se prevê possa terminar numa vitória eleitoral no próximo ano e numa substituição do atual governo.