ELABORADAS COM METEORITOS
As joias que nos unem ao Universo
Já pensou em ter uma joia que inclua uma parte do Universo? Se não o fez, agora já o pode fazer, uma vez que tal é possível com a coleção de joias NEO Skytale, que incluem meteoritos e são apresentadas sábado, a partir das 16 horas, na Biblioteca Municipal de Castelo Branco, numa sessão que contará com a presença da atriz Sílvia Rizo e que terminará com uma largada de balões, nos quais cada um poderá incluir uma mensagem a pedir um desejo.
A apresentação contará com a presença dos três fundadores do projeto, que são Sara Lótus, Miguel Gonçalves e Daniel Oliveira, bem como as equipas de Castelo Branco e do Porto que trabalham com eles, sendo que ao grupo se juntará ainda o astrofotógrafo Miguel Claro.
Neste projeto, Sara Lótus é apresentada como “a criativa e responsável por toda a criação de laços entre o projeto NEO Skytale e a sociedade e instituições de Castelo Branco, além de representar toda a componente mais emotiva e espiritual”.
Já Miguel Gonçalves tem a seu cargo a contextualização científica do projeto, bem como a componente da comunicação e a ligação com os mercados estrangeiros.
Isto, enquanto Daniel Oliveira é o designer e fabricante das joias.
Um trio a que se juntam ainda as equipas de Castelo Branco, Porto e Vila Meã, localidade onde as joias são fabricadas, sendo estas equipas que asseguram a componente logística, marketing e imagem da marca e do projeto.
A origem
do projeto
Para Sara Lótus este é um projeto “sentimental”, porque “o céu faz parte da minha existência. Traz luz, calor, inspiração, muita cor, pelo que este projeto me traz outra dimensão”.
Sara Lótus recorda que o projeto já tinha nascido há dois anos, quando Miguel Gonçalves comprou meteoritos à NASA, mas o seu arranque definitivo aconteceu a 20 de março deste ano. Um processo que também é recordado por Miguel Gonçalves, ao referir que “há dois anos comprei três meteoritos junto da NASA e pedi à Sara para fazer uma pequena medalha com eles”.
Acrescenta que os “objetos que ela fez consistiam apenas em colocar um suporte que prendia o meteorito com garras. Algo sem qualquer valor estético e que apenas focava o meteorito”.
Já no início deste ano, recorda que “numa conversa num café de Castelo Branco estava a segurar a medalha e lembrei-me de desafiar a Sara e perguntei-lhe se ela conhecia algum tipo de joalharia que unisse o meteorito com os materiais, técnicas e estética da joalharia”. A resposta “foi negativa”, mas surgiu o desafio para “criar algo diferente. Criar coleções que revelassem o meteorito entre a joalharia clássica e unindo o meteorito ao ouro, prata, zircónias e, futuramente, a outros elementos”, concluindo que o objetivo “passa por criar dois tipos de orgulho a quem obtém uma peça NEO Skytale. Um orgulho estético associado à beleza joalheira da peça e um orgulho espiritual cósmico, por utilizar um genuíno e muito antigo pedaço do Cosmos”.
E assim nasceu a NEO Skytale, que deve o seu nome a NEO, que é o acrónimo inglês e cientifico para Near Earth Objects,m que “significa todos os cometas e asteroides que foram empurrados, devido aos jogos gravitacionais dos planetas para órbitas próximas da Terra”. Explica que “sendo que a natureza dos nossos meteoritos são precisamente os asteroides, achamos que seria interessante homenagearmos tais corpos do Sistema Solar no nome do nosso projeto”.
Por outro lado, Skytale, porque “estamos a apresentar e a pedir que sejam contados e escritos outros contos do céu”. Isto, porque “os metoritos têm três histórias que se fundem com a história” A primeira estória é a contada pelos milhares de milhões de anos que andou a passear pelo Cosmos, no espaço entre os planetas. A segunda estória é aquela que representa a sua atração pela Terra, a entrada na atmosfera e a sobrevivência ao desgaste da mesma e a maneira e por quem foi encontrado no nosso planeta. Por fim, a terceira estória é precisamente aquela que é escrita pelos nossos clientes, com os significados mais ou menos íntimos que podem ter ao adquirir uma peça de joalharia tão cósmica”.
De onde vêm
os meteoritos
Quanto à origem dos meteoritos utilizados nas joias, é adiantado que, “felizmente, vivemos numa época em que já existe um mercado de meteoritos e de caçadores de meteoritos com algum crescimento”. Assim, “o segredo passa por escolher efetivamente o fornecedor que ofereça as melhores e inquestionáveis condições de autenticidade dos seus meteoritos, bem como uma sólida e longa reputação a esse nível”.
É realçado que “todos os meteoritos apresentados neste projeto têm um certificado de autenticidade científica que é forne- cida pelos nossos fornecedores. Os fornecedores de tais rochas pertencem a organizações internacionais que são reconhecidas mundialmente pela seriedade científica e técnica dos meteoritos recolhidos e vendidos, organizações como a International Meteorite Collectors Association (IMCA) ou o The Explorers Club”, sendo acrescentado que “os nossos fornecedores realizam também o serviço de identificação de meteoritos, ou seja, verificar se são efetivamente meteoritos ou rochas terrestres, em estreita ligação com instituições científicas, serviço esse que disponibiliza a todos aqueles que julgam ter encontrado um meteorito”.
Numa abordagem científica é referido que “os meteoritos podem ter essencialmente quatro origens: a Cintura de Asteroides entre as órbitas de Marte e de Júpiter, a Lua, Marte ou pedaços de matéria de cometas. É na Cintura de Asteroides que residem as rochas mais antigas do Sistema Solar, com uma idade próxima dos 4,5 mil milhões de anos e os meteoritos com que trabalhamos têm como origem precisamente a Cintura de Asteroides. Ou seja, os meteoritos utilizados nas nossas joias têm pelo menos a idade do nosso Sistema Solar, metaforicamente falando eles assistiram ao nascimentos e evolução dos planetas! Mas também sabemos um pouco mais sobre estes nossos meteoritos: foram recolhidos em pleno deserto do Saara por nómadas que trilham tais caminhos e que facilmente se aperceberam que estavam perante fragmentos rochosos muito diferentes dos que encontravam em tais paragens”.
As peças
da NEO Skytale
A NEO Skytale é constituída por mais de 70 joias distribuídas por três coleções, incluindo peças como anéis, medalhas, pulseiras, botões de punho e brincos.
Peças que têm valores que oscilam entre os 100 e os mil euros, dependendo do tamanho dos meteoritos, dos materiais utilizados, da gama diferente de joias e da mão de obra”. Este último aspeto é muito importante, porque “do ponto de vista técnico é extremamente complicado trabalhar com meteoritos, tendo em conta as suas características geoquímicas”.
No que se refere ao cliente-alvo das joias, é afirmado que “quando começámos a desenhar as coleções ao nível da sua estrutura de materiais, design e tipificação de clientes-alvo tivemos a preocupação de criar coleções que tentam chegar a todas as idades, a todos os ambientes”.
Com resultado “temos coleções mais urbanas, mais quotidianas, outras mais emotivas e associadas a efemérides e desti- nadas a celebrar acontecimentos memoráveis das nossas vidas e temos também uma coleção mais nobre, mais clássica” e é sublinhado que “também tivemos a preocupação de criar coleções que se interlaçam com naturalidade e em que o mesmo cliente sinta conforto em utilizar joias de diferentes coleções”.
Quanto ao futuro é revelado que “temos algumas ideias muito precisas para futuras coleções, quer ao nível dos elementos preciosos a utilizar, quer ao nível de cliente-alvo”.
Uma matéria em que é avançado que “como patamar mais excêntrico deste projeto, ambicionamos um dia produzir joias com meteoritos oriundos de Marte ou da Lua, joias essas que tendo em conta o elevadíssimo preço de tais pedras, associado também à raridade, teriam de ser construídas a pedido e entendidas como as mais extraordinárias joias de autor”, concluindo que, “porém, a diversidade e versatilidade de joias, conceitos, projeções e ambientes sugeridos pelos meteoritos é literalmente... cósmico!”