Joaquim Martins
O estranho caso da Politica à Portuguesa!
O estranho caso da Politica à Portuguesa! – Quando o jornal sair para as bancas ainda o Presidente da República estará no cumprimento do ritual de audição dos partidos com assento parlamentar, para tentar resolver o estranho caso de quem deve governar Portugal!
Sabe-se que já estudou todos os cenários mas continua a especular-se sobre a atitude que deverá tomar. Não sou adivinho mas julgo que o Presidente vai fazer o óbvio: convidar Passos Coelho a formar Governo e depois deixar que a democracia funcione, nos termos do novo quadro parlamentar.
O Governo apresentará o seu Orçamento que passará ou não na Assembleia da República. Se passar, assunto resolvido. A coligação de Direita terá que governar em minoria, tendo presente que, se não mudar de políticas, em breve cairá, pois tem contra si a maioria da população portuguesa e a maioria dos deputados.
Se não passar, também é simples. O Governo cai e o presidente da República deve chamar o segundo partido mais votado e convidá-lo a formar Governo e a apresentar um Orçamento. A Assembleia, como lhe compete, assumirá as suas responsabilidades. E, ao que se supõe saber, a esquerda viabilizará um Governo liderado pelo Partido Socialista. Sem medo do papão comunista e de outros fantasmas que têm impedido que certos partidos possam contribuir para soluções políticas estáveis e diferentes.
Parece simples, mas em Portugal nada é simples. Há mais de 15 dias que, diariamente, coligação PSD/CDS, economistas e comentadores de direita, analistas de serviço ao grande capital e ilustres personalidades (nas televisões, na rádio, nos jornais!) explicam ao António Costa, o que ele pode e não pode fazer e o que gostariam que ele fizesse: deixar governar a Coligação de Direita.
Ora, António Costa que é coerente, não pode fazer o que lhe pedem. Não pode aprovar um Orçamento de cujas medidas discorda.
Cumprirá o que disse na noite eleitoral. Só não deixará cair o Governo, se não tiver uma maioria que o apoie. Se tiver, cumprirá o seu dever, dispondo-se a governar e a apresentar um Orçamento, com apoio de uma maioria significativa de deputados e eleitores.