27 de janeiro de 2016

Fernando Raposo
MARCELO GANHOU. A VITÓRIA É APENAS SUA

Marcelo ganhou. Era expectável.
Ao longo de muitos anos, duas décadas, Marcelo tornara-se o analista e comentador político mais conhecido do país. De Norte a sul ou de leste a oeste não havia ninguém que não ouvisse os seus comentários. Afetuoso, foi conquistando o coração dos portugueses e a relação de empatia que estabeleceu com eles, da direita à esquerda, foi agora presenteada com vitória tão significativa.
Não foi uma vitória do partido que ajudara a fundar, apesar de Passos ainda tentar reclamar vitória.
Marcelo distanciara-se da estratégia de Passos e este chegou mesmo a referir-se-lhe, ainda que indirectamente, como um “catavento político”.
Antes que Passos e Portas lhe “espantassem a caça”, Marcelo não hesitou em “pô-los a marchar dali para fora”, que é como quem diz “de vós quero distância”.
Marcelo tinha todo o terreno limpinho, à direita e à esquerda. Santana Lopes, Durão Barroso e Rui Rio ficaram para trás, apesar de merecerem a preferência de Passos e dos seus correligionários. Do lado do PS soprou uma ótima notícia para Marcelo: Guterres e António Vitorino não estavam disponíveis para tão árdua tarefa.
Sem adversários à direita e à esquerda, Marcelo tinha a vitória assegurada, bastando para isso passear-se pelas ruas e deixar que o coração por si falasse.
Esta campanha eleitoral, quer pela estratégia de Marcelo, quer pelo não envolvimento dos partidos, à exceção do Bloco e da CDU, foi uma campanha atípica.
Do ponto de vista político e ideológico, ninguém sabe ao que vem Marcelo, pelo que a sua eleição pode ser uma “caixinha de surpresas”.
A ver vamos!
Sem Guterres e sem António Vitorino, candidatos que poderiam ombrear com Marcelo, o Partido Socialista desistiu da corrida, logo à partida. António Costa ainda chegara a dar sinais sobre a sua preferência. Embora independente, Nóvoa seria o mais bem colocado, mas Maria de Belém, não se sabe porque razões, antecipou-se e baralhou a eventual estratégia, ainda que de recurso, do PS.
A candidatura de Maria de Belém foi por muitos entendida como de fação, congregando à sua volta alguns dos opositores de António Costa, o que terá levado muitos dos eleitores do PS a dispersarem -se por Marcelo e por Marisa Matias do Bloco de Esquerda.
Ao não ter assumido de forma clara um candidato, o PS induziu uma luta fratricida entre os dois candidatos do seu espectro político, António Nóvoa e Maria de Belém, e cujas perdas em maior número terão beneficiado Marcelo Rebelo de Sousa.
À falta de capacidade mobilizadora de Maria de Belém, que viu o seu potencial eleitorado esfumar-se com o evoluir da campanha, não terá sido indiferente a revelação de que teria sido subscritora do pedido da devolução das subvenções vitalícias, à derrota que sofreu nestas eleições.
Se é verdade que a soma dos votos em Sampaio da Nóvoa (22,9%) e Maria de Belém (4,2%) ficaram aquém do resultado obtido pelo PS nas eleições legislativas de outubro, o que poderá ser visto como uma derrota do partido, não é menos verdade que António Costa poderá agora dormir mais tranquilo quanto à oposição interna, já que esta se esfumou com a derrota de Belém e a coabitação com Marcelo será bem mais cooperante do que até aqui aconteceu com Cavaco Silva.

27/01/2016
 

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