EM ESCALOS DE CIMA
		Monárquicos falam do Estado Novo
		O Movimento Monárquico de Castelo Branco, com o apoio da União de Juntas de Freguesias de Escalos de Cima e Lousa, organizou dia 9 deste mês, em Escalos de Cima, uma palestra subordinada ao tema O Estado Novo e a Escola Primária, que teve como orador Florentino Beirão.
Na sessão, Florentino Beirão recordou que quando Salazar foi para o poder, cerca de 70 por cento da população era analfabeta e que escola funcionava de modo a que os que sabiam ler ensinavam os que não sabiam. As pessoas aprendiam a ler na casa dos padres. Salazar foi para o seminário, que na altura era o liceu dos pobrezinhos. As pessoas ricas pagavam às crian- ças o ensino às quais eram reconhecidos méritos para aprender.
Como a Igreja foi muito castigada pela República, os padres deixaram de receber como funcionários públicos, tendo como obrigação de ensinar todas as crianças, sendo o professor considerado como o Padre Mestre. Como deixaram de ser pagos pelo Estado, os padres limitaram-se a ficar com os estipêndios das missas, o que correspondia a um dia de trabalho de um jornaleiro.
Foi também relembrado que Salazar criou uma campanha de alfabetização construindo muitas escolas. Nesse tempo a escola só era obrigatória até à terceira classe, o que já dava direito a ser funcionário público ou a tirar a carta de condução. A quarta classe passou a ser obrigatória em finais dos anos 50.
As próprias famílias não queriam que os filhos fossem à escola e eram as crianças mais pobres que iam à escola, porque os pais não tinham terras para trabalhar. As famílias que tinham mais rendimentos ficavam com os filhos em casa para ajudar a família. Os professores eram muito mal pagos e eram poucos e, por isso, o governo do Estado Novo teve de recorrer às regentes escolares. Como todos os professores tinham de apresentar resultados positivos perante a turma de alunos, estes como chegavam tarde a casa e não tinham luz elétrica, muitas vezes não faziam os trabalhos de casa e por isso eram castigados com reguadas e outros castigos, para que fosse atingido o nível de ensino exigido.